O cancro do colo do útero é a terceira neoplasia ginecológica mais comum. Mais de 90% dos casos de cancro do colo do útero estão associados ao vírus do papiloma humano de alto risco (hrHPV, pela sigla em inglês), que é transmitido por contacto sexual. O cancro do colo do útero pode ser prevenido pela deteção precoce e pelo tratamento de lesões pré-malignas causadas pelo hrHPV. Os métodos de deteção são a citologia cervical e o teste de HPV. As guidelines variam quanto à idade de início do rastreio, com várias sociedades dos EUA a recomendarem que o rastreio comece entre os 21 e os 25 anos, enquanto que a Organização Mundial de Saúde (OMS) sugere esperar até aos 30 anos, especialmente em contextos onde os são recursos limitados. As guidelines também variam quanto ao método de teste preferido, embora o teste HPV (com ou sem citologia) seja universalmente preferido a partir dos 30 anos. Desde o início do programa de rastreio que se verificou um declínio de 75% na incidência e mortalidade por cancro do colo do útero.
Última atualização: Jan 21, 2023
As estratégias de rastreio podem ser realizadas de forma independente ou concomitante (co-teste).
Imagem da lâmina de exame de Papanicolau para rasteio do cancro do colo do útero: à esquerda, células escamosas normais; à direita, células infetadas pelo HPV com displasia.
Imagem: “ThinPrep Papanicolau HPV” por Ed Uthman. Licença: Public DomainExame de Papanicolau:
Insere-se um espéculo na vagina para a alargar. Depois, insere-se ou uma escova cervical (apresentada na imagem) ou uma escova endocervical e uma espátula na vagina para colher células do colo do útero. As células são observadas em microscopia em busca de sinais de doença.
As recomendações apresentadas são aplicáveis a indivíduos de risco médio. Este grupo inclui indivíduos que estão totalmente vacinados contra o HPV.
Certas condições apresentam um maior risco de desenvolvimento de cancro do colo do útero, pelo que o rastreio deve ser individualizado e mais frequente:
O sistema de Bethesda é uma comunicação padronizada dos resultados, que inclui a adequação da amostra, a categorização geral dos achados e os resultados.
Tipos de anomalias epiteliais de células escamosas:
Anomalias das células glandulares (categorizadas como endocervicais, endometriais, ou não especificadas):
Outros achados possíveis em relatórios de citologia cervical:
Teste de Papanicolau a demonstrar vaginose bacteriana com muitas clue cells:
As clue cells são células vaginais epiteliais cravejadas com cocobacilos aderentes, melhor visualizados na margem das células. As bactérias estão coradas azul-púrpura pela coloração de Papanicolau (setas).
Exemplos de achados nas células escamosas durante o rastreio do cancro do colo do útero:
a. célula normal
b. ASC-US
c. LSIL
d. HSIL
AGCUS a favorecer um processo neoplásico, em coloração de Papanicolau
Citologia cervical com células glandulares atípicas (setas vermelhas), a favorecer um processo neoplásico. A seta azul aponta para uma célula epitelial escamosa benigna e a seta verde aponta para 2 células endocervicais benignas.
Citologia cervical com adenocarcinoma in situ do colo do útero. Note a célula epitelial escamosa benigna no canto superior esquerdo.
Imagem : “Adenocarcinoma in Situ of the Cervix” por Ed Uthman. Licença: CC BY 2.0O tratamento dos resultados anómalos do rastreio baseia-se no risco de CIN 3+ (dado como percentagem) de um doente, tanto agora como daqui a 5 anos.