Malformações Congénitas do Sistema Reprodutor Feminino
Malformações Congénitas do Sistema Reprodutor Feminino
As malformações congénitas do sistema reprodutor feminino incluem qualquer alteração congénita que afete os ovários, trompas de Falópio, útero, colo do útero, hímen e/ou vulvaVulvaThe vulva is the external genitalia of the female and includes the mons pubis, labia majora, labia minora, clitoris, vestibule, vestibular bulb, and greater vestibular glands. Vagina, Vulva, and Pelvic Floor: Anatomy. Qualquer uma destas alterações pode afetar as funções reprodutiva e sexual normais das mulheres afetadas. Tipicamente, a causa é desconhecida. Em termos clínicos, estas doentes apresentam geralmente alterações a nível menstrual e/ou da fertilidade, sendo que a apresentação clínica de cada doente varia com a sua anatomia. O diagnóstico baseia-se principalmente na história clínica, exame objetivo e imagiologia com ecografia e/ou ressonância magnética pélvica. O tratamento depende do tipo de defeito(s) presente(s) e geralmente inclui a correção cirúrgica e/ou reposição hormonal. A maioria das malformações pode ser tratada de forma eficaz e tem um bom prognóstico. As complicações associadas a esta patologia são a infertilidade e o impacto psicossocial e emocional de ter genitais “anormais”.
As malformações congénitas do sistema reprodutor feminino incluem qualquer alteração congénita que afete os ovários, trompas de Falópio, útero, colo do útero, hímen e/ou vulvaVulvaThe vulva is the external genitalia of the female and includes the mons pubis, labia majora, labia minora, clitoris, vestibule, vestibular bulb, and greater vestibular glands. Vagina, Vulva, and Pelvic Floor: Anatomy. Qualquer uma destas alterações pode afetar as funções reprodutiva e sexual normais das mulheres afetadas.
Epidemiologia
Prevalência das alterações uterinas congénitas (CUAs, pela sigla em inglês):
5,5% em populações não selecionadas
8% em doentes inférteis
12% em doentes com história de abortamento espontâneo
25% em doentes com história de infertilidade e abortamento espontâneo
Entre 1940 e 1960, houve um aumento da incidência de CUAs em mulheres expostas in utero ao medicamento dietilestilbestrol (DES), que era utilizado para tratar a náusea associada à gravidez. Atualmente, este fármaco já não é utilizado e a morbilidade relacionada com o DES em crianças é agora rara.
Incidência de agenesia vaginal: 1 por 5.000 recém-nascidas do sexo feminino
Classificação
Os tipos de malformações congénitas podem ser classificados com base nos órgãos afetados. É de salientar que as verdadeiras malformações congénitas da vulvaVulvaThe vulva is the external genitalia of the female and includes the mons pubis, labia majora, labia minora, clitoris, vestibule, vestibular bulb, and greater vestibular glands. Vagina, Vulva, and Pelvic Floor: Anatomy são raras; o aumento do clitóris ou a ambiguidade dos genitais externos são tipicamente considerados uma perturbação do desenvolvimento sexual, causados pela exposição à testosterona.
Tabela: Tipos de malformações congénitas do sistema reprodutor feminino
Órgão
Malformação
Ovários
Disgenesia ovárica (ovários em fita)
Agenesia ovárica
Ovários supranumerários
Trompas de Falópio
Agenesia das trompas de Falópio
Útero
Útero septado
Útero bicorno
Útero arqueado
Útero unicorno
Didelfo
Agenesia uterina
Colo do útero
Agenesia cervical
Duplicação cervical
VaginaVaginaThe vagina is the female genital canal, extending from the vulva externally to the cervix uteri internally. The structures have sexual, reproductive, and urinary functions and a rich blood supply, mainly arising from the internal iliac artery.Vagina, Vulva, and Pelvic Floor: Anatomy
Septo vaginal vertical: hemivagina obstruída
Septo vaginal transverso
Agenesia vaginal
Hímen
Hímen imperfurado
Hímen microperfurado
Hímen septado
Anatomia e Embriologia
Anatomia
O sistema reprodutor feminino divide-se em genitais externos e internos. Os genitais internos localizam-se na pelve verdadeira e os externos estão presentes fora desta.
Tabela: Genitais femininos internos versus externos
Tipo de genitais
Estruturas presentes
Órgãos genitais internos
Ovários
Trompas de Falópio
Útero
Colo do útero (tecnicamente, a porção inferior do útero)
VaginaVaginaThe vagina is the female genital canal, extending from the vulva externally to the cervix uteri internally. The structures have sexual, reproductive, and urinary functions and a rich blood supply, mainly arising from the internal iliac artery.Vagina, Vulva, and Pelvic Floor: Anatomy
Órgãos genitais externos
Monte púbico
Clitóris
Grandes e pequenos lábios
Meato uretral
Glândulas de Bartholin e Skene
Estruturas do sistema reprodutor feminino (vista sagital)
Imagem : “Female reproductive system” pelo BruceBlaus. Licença: CC BY 3.0
Órgãos genitais externos femininos
Imagem : “External female genitalia” pelo Phil Schatz. Licença: CC BY 4.0
Origens embrionárias
Tabela: Origens embrionárias dos órgãos reprodutores femininos
Estrutura embrionária
Órgãos pélvicos femininos
Tumefação labio-escrotal
Grandes lábios
Pregas urogenitais
Pequenos lábios
Tubérculo genital
Clitóris
Seio urogenital
Bexiga
Uretra
Glândulas uretrais e parauretrais
VaginaVaginaThe vagina is the female genital canal, extending from the vulva externally to the cervix uteri internally. The structures have sexual, reproductive, and urinary functions and a rich blood supply, mainly arising from the internal iliac artery.Vagina, Vulva, and Pelvic Floor: Anatomy
Glândulas de Bartholin
Ducto mülleriano/paramesonéfrico
Útero
Colo do útero
Trompas de Falópio
Parte superior da vaginaVaginaThe vagina is the female genital canal, extending from the vulva externally to the cervix uteri internally. The structures have sexual, reproductive, and urinary functions and a rich blood supply, mainly arising from the internal iliac artery.Vagina, Vulva, and Pelvic Floor: Anatomy
Hímen
Remanescente do ducto de Wolff/mesonéfrico
Ducto de Gartner
Gónada indiferenciada
Ovário
Gubernáculo
Ligamento ovárico
Ligamento redondo
Diferenciação fenotípica dos genitais externos em embriões do sexo masculino e feminino
O sistema reprodutor permanece indiferenciado até à 6ª semana de vida intrauterina, onde estão presentes 2 pares de ductos genitais: os ductos müllerianos (ou paramesonéfricos), que se transformam nos genitais internos femininos, e os ductos de Wolff (ou mesonéfricos), que regridem nas mulheres.
Género cromossómico → determina o género gonadal → determina o género fenotípico
Até às 6 semanas de gestação, o desenvolvimento sexual é idêntico e não binário; nesta fase, estão em desenvolvimento as seguintes estruturas:
Gónadas não binárias, bipotentes, indiferenciadas
Ductos de Wolff e Müller (inicialmente, estão ambos presentes em ambos os sexos)
Seio urogenital
O tubérculo genital, tumefações genitais e pregas genitais
Os genesGenesA category of nucleic acid sequences that function as units of heredity and which code for the basic instructions for the development, reproduction, and maintenance of organisms.DNA Types and Structure presentes no momento da fertilização vão determinar a diferenciação das gónadas bipotentes em desenvolvimento (por exemplo, num testículo ou ovário)
De seguida, as gónadas em desenvolvimento irão secretar hormonas:
A presença e/ou ausência de hormonas específicas determina como as restantes estruturas se diferenciam.
No geral, os órgãos e estruturas femininas são o fenótipo “padrão”, que prevalece quando não estão presentes genesGenesA category of nucleic acid sequences that function as units of heredity and which code for the basic instructions for the development, reproduction, and maintenance of organisms.DNA Types and Structure e hormonas específicas para estimular a diferenciação masculina.
Órgãos e caracteres sexuais
Gónadas: desenvolvem-se consoante o cariótipo/genesGenesA category of nucleic acid sequences that function as units of heredity and which code for the basic instructions for the development, reproduction, and maintenance of organisms.DNA Types and Structure presentes
Testículos:
Desenvolvem-se na presença da região determinante do sexo no cromossomo Y (geneGeneA category of nucleic acid sequences that function as units of heredity and which code for the basic instructions for the development, reproduction, and maintenance of organisms.Basic Terms of GeneticsSRY )
Secretam testosterona e hormona anti-Mülleriana (AMHAMHA glycoprotein that causes regression of mullerian ducts. It is produced by sertoli cells of the testes. In the absence of this hormone, the mullerian ducts develop into structures of the female reproductive tract. In males, defects of this hormone result in persistent mullerian duct, a form of male pseudohermaphroditism.Primary Amenorrhea, pela sigla em inglês)
Ovários: desenvolvem-se quando o cromossoma X está presente e/ou o geneGeneA category of nucleic acid sequences that function as units of heredity and which code for the basic instructions for the development, reproduction, and maintenance of organisms.Basic Terms of GeneticsSRY está ausente
Ovotestis: gónada que contém tecido ovárico e testicular, encontrada em doentes com hermafroditismo verdadeiro
Estruturas müllerianas: diferenciam-se através dos ductos müllerianos (paramesonéfricos) quando a AMHAMHA glycoprotein that causes regression of mullerian ducts. It is produced by sertoli cells of the testes. In the absence of this hormone, the mullerian ducts develop into structures of the female reproductive tract. In males, defects of this hormone result in persistent mullerian duct, a form of male pseudohermaphroditism.Primary Amenorrhea está ausente
Útero
Trompas de Falópio
⅓ superior da vaginaVaginaThe vagina is the female genital canal, extending from the vulva externally to the cervix uteri internally. The structures have sexual, reproductive, and urinary functions and a rich blood supply, mainly arising from the internal iliac artery.Vagina, Vulva, and Pelvic Floor: Anatomy
Estruturas de Wolff: diferenciam-se através dos ductos de Wolff (mesonéfricos) na presença de testosterona
Epidídimo
Canais deferentes
Vesículas seminais
Ductos ejaculatórios
Genitais externos: desenvolvem-se a partir do tubérculo genital, tumefação genital e pregas genitais indiferenciadas com base na presença ou ausência de testosterona
Masculino: testosterona → pénis e escroto
Feminino: falta de testosterona → clitóris, grandes lábios, pequenos lábios
Caracteres sexuais secundárias: o seu desenvovimento depende do ambiente hormonal na puberdade
Caracteres androgénicos: pela presença de testosterona e/ou diidrotestosterona (DHTDHTA potent androgenic metabolite of testosterone. It is produced by the action of the enzyme 3-oxo-5-alpha-steroid 4-dehydrogenase.Gonadal Hormones)
Pelos púbicos e axilares
Pelos faciais e corporais de distribuição e qualidade androgénica (escuros e grossos)
Diminuição da tonalidade vocal
↑ Massa muscular
Caracteres estrogénicos: pela presença de estrogénio
Alterações ováricas: devido a defeitos no desenvolvimento gonadal
Alterações Müllerianas:
Alterações do útero, colo do útero, parte superior da vaginaVaginaThe vagina is the female genital canal, extending from the vulva externally to the cervix uteri internally. The structures have sexual, reproductive, and urinary functions and a rich blood supply, mainly arising from the internal iliac artery.Vagina, Vulva, and Pelvic Floor: Anatomy e trompas de Falópio
Desenvolvem-se devido a defeitos na:
Formação/extensão dos ductos
Fusão dos ductos na linha média
Regressão das paredes na linha média (deixando divisões na linha média)
Parte inferior da vaginaVaginaThe vagina is the female genital canal, extending from the vulva externally to the cervix uteri internally. The structures have sexual, reproductive, and urinary functions and a rich blood supply, mainly arising from the internal iliac artery.Vagina, Vulva, and Pelvic Floor: Anatomy: defeitos no desenvolvimento do seio urogenital/bulbos sinovaginais
VulvaVulvaThe vulva is the external genitalia of the female and includes the mons pubis, labia majora, labia minora, clitoris, vestibule, vestibular bulb, and greater vestibular glands. Vagina, Vulva, and Pelvic Floor: Anatomy e clitóris: ambiente hormonal anormal, normalmente considera-se como um distúrbio do desenvolvimento sexual em vez de uma verdadeira alteração congénita
Tipos de malformações ováricas e das trompas de Falópio
Agenesia ovárica: falência na formação do ovário
Disgenesia ovárica (também chamados “ovários em fita”):
Ovários anormais e disfuncionais, pequenos e hipoplásicos
Associada à síndrome de Turner
Ovários supranumerários: ovário extra
Agenesia da trompa de Falópio: falência na formação de uma trompa de Falópio
Apresentação clínica
Nas mulheres, os ovários são a principal fonte de produção de estrogénio. Sem ovários adequadamente funcionais, não existe uma produção de estrogénio em quantidades significativas.
Ausência de estrogénio:
Ausência de proliferação endometrial → amenorreia primária
Ausência de desenvolvimento dos óvulos → infertilidade
Ausência de caracteres sexuais secundárias (por exemplo, desenvolvimento mamário) na puberdade
Nota: Para que as funções menstrual e de fertilidade sejam normais, basta estar presente 1 ovário:
Alterações num e/ou ausência de um único ovário são tipicamente assintomáticas e clinicamente irrelevantes.
O excesso de tecido ovárico ou um ovário extra (um ovário supranumerário) também são tipicamente assintomáticos, embora as mulheres possam apresentar alguma irregularidade menstrual.
Alterações das trompas de Falópio:
As trompas de Falópio são estruturas müllerianas (como o útero), ou seja, as alterações tubárias estão tipicamente associadas a alterações uterinas do mesmo lado.
A agenesia unilateral isolada de uma trompa de Falópio é possível e provavelmente assintomática, assumindo que o lado contralateral é normal.
A agenesia bilateral isolada das trompas de Falópio é tecnicamente possível e seria assintomática até a doente se apresentar com infertilidade, mas isto geralmente não se observa.
Princípios gerais do diagnóstico e tratamento
Imagiologia:
Ecografia: A melhor forma de diagnosticar qualquer alteração ovárica é com ecografia pélvica (1º exame).
A ressonância magnética pode contribuir com informações adicionais.
Hormona folículo-estimulante (FSHFSHA major gonadotropin secreted by the adenohypophysis. Follicle-stimulating hormone stimulates gametogenesis and the supporting cells such as the ovarian granulosa cells, the testicular sertoli cells, and leydig cells. Fsh consists of two noncovalently linked subunits, alpha and beta. Within a species, the alpha subunit is common in the three pituitary glycoprotein hormones (TSH, LH, and FSH), but the beta subunit is unique and confers its biological specificity.Menstrual Cycle, pela sigla em inglês): secretada pela glândula pituitária; está ↑ na tentativa de estimular os ovários anormais/ausentes a trabalhar
EstradiolEstradiolThe 17-beta-isomer of estradiol, an aromatized C18 steroid with hydroxyl group at 3-beta- and 17-beta-position. Estradiol-17-beta is the most potent form of mammalian estrogenic steroids.Noncontraceptive Estrogen and Progestins: está ↓ (não pode ser sintetizado pelos ovários anormais/ausentes)
Esta combinação de ↑ FSHFSHA major gonadotropin secreted by the adenohypophysis. Follicle-stimulating hormone stimulates gametogenesis and the supporting cells such as the ovarian granulosa cells, the testicular sertoli cells, and leydig cells. Fsh consists of two noncovalently linked subunits, alpha and beta. Within a species, the alpha subunit is common in the three pituitary glycoprotein hormones (TSH, LH, and FSH), but the beta subunit is unique and confers its biological specificity.Menstrual Cycle + ↓ estradiolEstradiolThe 17-beta-isomer of estradiol, an aromatized C18 steroid with hydroxyl group at 3-beta- and 17-beta-position. Estradiol-17-beta is the most potent form of mammalian estrogenic steroids.Noncontraceptive Estrogen and Progestins localiza o problema nos ovários (em oposição ao útero ou hipotálamo).
O tratamento envolve normalmente:
Terapêutica de reposição hormonal (TRH) se os ovários não forem funcionais
Excisão cirúrgica de ovários/tecido ovárico anormal devido ao ↑ do risco de malignidade na presença de ovários em fita
Frequentemente as doentes conseguem gerar descendência através da tecnologia de reprodução assistida (ART, pela sigla em inglês):
Requer um óvulo de dadora/embrião de dadora para ovários não funcionais
Fertilização in vitro (FIV) na presença de alterações das trompas de Falópio
Resumo e comparação
Tabela: Resumo comparativo das malformações congénitas dos ovários
Ovários em fita
Agenesia ovárica
Definição
Uma forma de disgenesia ovárica (malformação e disfuncionalidade dos ovários)
Associados à síndrome de Turner (45X,0)
Ausência congénita de ambos os ovários
Já foram relatados casos de agenesia unilateral, mas é extremamente rara.
Apresentação clínica
Amenorreia primária
Poucos ou nenhuns caracteres sexuais secundários (↓ estrogénio)
Características da síndrome de Turner: baixa estatura, pescoço alado, mamilos espaçados, alterações cardíacas
Amenorreia primária
Ausência de caracteres sexuais secundários (ausência de estrogénio)
Diagnóstico
Ecografia: ovários rudimentares ou não visíveis
Cariótipo: 45X,0
Ecografia: ovários ausentes
Cariótipo: 46X,X
Avaliação laboratorial: ↑ FSHFSHA major gonadotropin secreted by the adenohypophysis. Follicle-stimulating hormone stimulates gametogenesis and the supporting cells such as the ovarian granulosa cells, the testicular sertoli cells, and leydig cells. Fsh consists of two noncovalently linked subunits, alpha and beta. Within a species, the alpha subunit is common in the three pituitary glycoprotein hormones (TSH, LH, and FSH), but the beta subunit is unique and confers its biological specificity.Menstrual Cycle, ↓ estradiolEstradiolThe 17-beta-isomer of estradiol, an aromatized C18 steroid with hydroxyl group at 3-beta- and 17-beta-position. Estradiol-17-beta is the most potent form of mammalian estrogenic steroids.Noncontraceptive Estrogen and Progestins
Tratamento
Excisão cirúrgica (ooforectomia) devido ao alto risco de malignidade
TRH
TRH
Terapia psicossocial
Fertilidade: A gravidez é possível através de óvulo ou embrião de dadora e ART.
ART: tecnologia de reprodução assistida FSH: hormona folículo-estimulante TRH: terapêutica de reposição hormonal
Malformações congénitas do útero e colo do útero
Descrição geral das malformações uterinas
O útero forma-se a partir dos ductos de Müller, que se fundem na linha média para criar o útero, o colo do útero e a parte superior da vaginaVaginaThe vagina is the female genital canal, extending from the vulva externally to the cervix uteri internally. The structures have sexual, reproductive, and urinary functions and a rich blood supply, mainly arising from the internal iliac artery.Vagina, Vulva, and Pelvic Floor: Anatomy. Portanto, inicialmente, estas estruturas encontram-se divididas ao nível da linha média, até que haja regressão desse septo.
Tipos de defeitos:
Defeitos da fusão lateral: ocorrem quando o septo da linha média não regride, resultando em septos verticais e cavidades divididas ou “duplicadas”
Defeitos da fusão vertical: resultam em defeitos transversais e obstrutivos (normalmente na vaginaVaginaThe vagina is the female genital canal, extending from the vulva externally to the cervix uteri internally. The structures have sexual, reproductive, and urinary functions and a rich blood supply, mainly arising from the internal iliac artery.Vagina, Vulva, and Pelvic Floor: Anatomy)
Hipoplasia ou agenesia: ausência de desenvolvimento completo de um órgão ou tecido (hipoplasia) ou ausência completa do órgão (agenesia)
Tipos de CUAs:
Útero arqueado
Útero septado
Útero bicorno
Útero unicorno
Útero didelfo
Agenesia uterina
Doentes com CUAs têm maior risco de alterações adicionais:
Características das alterações uterinas congénitas
Exceto pela agenesia uterina, as ACUs são todas causadas por defeitos da fusão lateral. As frequências de cada alteração em específico (entre todas as CUAs) estão indicadas entre parênteses.
Arqueado (18%):
Contorno uterino liso
Indentação ligeira, geralmente ampla, do fundo uterino na linha média
Muitas vezes considerada uma variante do normal, porque não se associa a resultados adversos na gravidez
As doentes são tipicamente assintomáticas e estes achados são incidentais.
Útero septado (35%):
Fusão lateral completa dos ductos de Müller com regressão incompleta do septo na linha média
Contorno uterino liso
Presença de uma fina faixa de tecido a dividir o útero, que consiste geralmente em miométrio coberto por endométrio, tipicamente vascularizado
Quantidades variáveis de tecido fibroso e muscular e de graus de vascularização
Pode ser parcial, completo ou estender-se até à vaginaVaginaThe vagina is the female genital canal, extending from the vulva externally to the cervix uteri internally. The structures have sexual, reproductive, and urinary functions and a rich blood supply, mainly arising from the internal iliac artery.Vagina, Vulva, and Pelvic Floor: Anatomy:
Septo parcial (conhecido como útero subseptado): O septo poupa o colo do útero
Útero septado completo: O septo estende-se até ao colo do útero.
Útero e vaginaVaginaThe vagina is the female genital canal, extending from the vulva externally to the cervix uteri internally. The structures have sexual, reproductive, and urinary functions and a rich blood supply, mainly arising from the internal iliac artery.Vagina, Vulva, and Pelvic Floor: Anatomy septados: O septo estende-se através do colo do útero até a vaginaVaginaThe vagina is the female genital canal, extending from the vulva externally to the cervix uteri internally. The structures have sexual, reproductive, and urinary functions and a rich blood supply, mainly arising from the internal iliac artery.Vagina, Vulva, and Pelvic Floor: Anatomy.
Bicorno (26%):
Fusão parcial (em vez de completa) dos ductos Müllerianos
Indentação da cavidade fúndica do útero, com cavidades endometriais moderadamente separadas
1 colo do útero
Pode ser parcial ou completo (que se estende até ao colo do útero)
Unicorno (10%):
Decorrente de hipoplasia ou agenesia de 1 dos ductos de Müller
Apenas está presente um “corno” uterino, com uma cavidade uterina, trompa de Falópio e colo do útero “normais”.
O ducto alterado pode estar completamente ausente ou pode apresentar-se como um “corno” rudimentar:
Cornos rudimentares podem ou não comunicar com o útero.
Cornos rudimentares não comunicantes podem ter tecido endometrial hormonalmente ativo, sem a presença de um trato de saída → apresentam-se com dismenorreia grave ou dor pélvica crónica
Didelfo (8%): “útero duplo”
Falência na fusão do ducto Mülleriano, o que resulta na duplicação das estruturas reprodutivas
2 úteros separados, cada um com o seu colo do útero (2 colos do útero observados durante o exame com espéculo)
75% também têm uma vaginaVaginaThe vagina is the female genital canal, extending from the vulva externally to the cervix uteri internally. The structures have sexual, reproductive, and urinary functions and a rich blood supply, mainly arising from the internal iliac artery.Vagina, Vulva, and Pelvic Floor: Anatomy septada.
15%–20% também têm outras alterações unilaterais associadas:
As alterações estão no lado direito em 65% dos casos.
Agenesia uterina (3%):
Também conhecida como síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser (MRKH)
Podem haver diferentes graus de hipoplasia uterina, incluindo (maisMAISAndrogen Insensitivity Syndrome frequentemente) a ausência completa do útero, colo do útero e parte superior da vaginaVaginaThe vagina is the female genital canal, extending from the vulva externally to the cervix uteri internally. The structures have sexual, reproductive, and urinary functions and a rich blood supply, mainly arising from the internal iliac artery.Vagina, Vulva, and Pelvic Floor: Anatomy
Também inclui agenesia cervical
Apresentação clínica
A apresentação clínica destas alterações depende das malformações subjacentes:
Devido à presença de paredes uterinas (por exemplo, septo uterino pouco vascularizado) e/ou formato da cavidade anormais:
Abortos recorrentes
Infertilidade
Parto prematuro
Apresentação fetal pélvica
Descolamento prematuro da placentaPlacentaA highly vascularized mammalian fetal-maternal organ and major site of transport of oxygen, nutrients, and fetal waste products. It includes a fetal portion (chorionic villi) derived from trophoblasts and a maternal portion (decidua) derived from the uterine endometrium. The placenta produces an array of steroid, protein and peptide hormones (placental hormones).Placenta, Umbilical Cord, and Amniotic Cavity
Devido à obstrução completa ou à presença de porções obstruídas da via de saída uterina:
Dor cíclica
Massa vaginal ou pélvica
Devido a agenesia:
Amenorreia primária
Infertilidade
Diagnóstico
No geral, todas as doentes com amenorreia primária, dor pélvica, infertilidade e/ou abortos recorrentes devem fazer exames de imagem pélvica, forma como são tipicamente diagnosticadas as ACUs. Os métodos imagiológicos incluem:
Ecografia pélvica:
Exame de 1ª linha na obtenção de imagem do útero, colo do útero e ovários
Bom delineamento do contorno uterino externo
Não é possível visualizar-se a anatomia dentro da cavidade uterina
Ressonância Magnética Pélvica:
Pode ajudar no diagnóstico quando a ecografia é inconclusiva
Permite delinear tanto os contornos uterinos internos, como os externos (por exemplo, pode diferenciar úteros septados de bicornos)
Ecografia com infusão salina (SISSISInfertility, pela sigla em inglês):
Um fluido estéril é injetado na cavidade uterina através de um cateter. Este provoca a distensão da cavidade uterina, para permitir a obtenção de imagens de ecografia em tempo real.
Permite a avaliação da cavidade uterina interna (em adição a todas as imagens obtidas com a ecografia tradicional, como as do contorno uterino externo)
Pode identificar septos, pólipos e miomas submucosos
Histerossalpingografia:
Exame fluoroscópico com injeção de contraste na cavidade uterina, com preenchimento desta e extravasamento através das trompas de Falópio
Fornece informações sobre os contornos internos da cavidade uterina e a permeabilidade das trompas de Falópio
Não fornece informações sobre o contorno uterino externo
Histerossalpingografia (HSG) de um útero bicorno
Imagem : “HSG of secondary infertility patient showing bicornuate uterus” pelo Muhammad Usman Aziz, MBBS, FCPS (Radiology). Senior Registrar, Department of Radiology, Liaquat National Hospital, National Stadium Road, Karachi, Pakistan. Licença: CC BY 3.0
Tabela: Diagnóstico imagiológico das alterações uterinas congénitas
Contorno uterino externo
Contorno uterino interno
Útero arqueado
Contorno uterino liso
Indentação mínima do fundo uterino < 1.5 cm.
A indentação é ampla (> 90º)
Útero septado
Contorno uterino liso, ou indentação com < 1 cm
2 cavidades endometrias separadas, mas próximas
Indentação fúndica com > 1,5cm
Ângulo da indentação < 90º
Útero bicorno
Indentação do contorno do fundo uterino ≥ 1 cm
1 colo do útero
2 cavidades endometriais moderadamente separadas
Útero didelfo
Indentação profunda do contorno fúndico
2 colos do útero
2 cavidades endometriais amplamente separadas
Tratamento
Quaisquer áreas obstruídas devem ser cirurgicamente abertas e/ou ressecadas, de forma a permitir o efluxo total do fluido menstrual.
Os septos uterinos são tipicamente ressecados histeroscopicamente.
O tratamento cirúrgico das alterações bicornais e didelfas é altamente complexo e raramente se realiza, uma vez que não está claro que melhoram os resultados da gravidez (que seria a única indicação para talTALRenal Sodium and Water Regulation cirurgia).
Agenesia cervical isolada:
Considerar um tratamento médico com supressão da menstruação, até que a doente deseje a conceção via ART:
Uso contínuo de terapêutica combinada de estrogénio/progesterona (por exemplo, pílulas anticoncecionais orais)
Terapêutica apenas com progesterona
Agonista da hormona libertadora de gonadotrofinas (GnRH, pela sigla em inglês) (a administração de GnRH contínua suprime a FSHFSHA major gonadotropin secreted by the adenohypophysis. Follicle-stimulating hormone stimulates gametogenesis and the supporting cells such as the ovarian granulosa cells, the testicular sertoli cells, and leydig cells. Fsh consists of two noncovalently linked subunits, alpha and beta. Within a species, the alpha subunit is common in the three pituitary glycoprotein hormones (TSH, LH, and FSH), but the beta subunit is unique and confers its biological specificity.Menstrual Cycle, induzindo um estado semelhante à menopausa)
Desenvolvimento das alterações da vaginaVaginaThe vagina is the female genital canal, extending from the vulva externally to the cervix uteri internally. The structures have sexual, reproductive, and urinary functions and a rich blood supply, mainly arising from the internal iliac artery.Vagina, Vulva, and Pelvic Floor: Anatomy e do hímen
Assim como as alterações uterinas, as alterações vaginais são devidas a:
Agenesia/hipoplasia
Defeitos da fusão lateral → resultando em septos verticais
Defeitos da fusão vertical → resultando em septos transversais
O hímen é uma membrana transversal constituída por tecido conjuntivo fibroso:
Resulta da junção embriológica dos bulbos sinovaginais e do seio urogenital
Normalmente é perfurado, tornando-se patente na vida fetal → cria uma conexão entre o lúmen vaginal e as estruturas genitais externas
A falha na perfuração pode resultar em alterações do hímen.
Tipos de alterações vaginais
Septo vaginal longitudinal:
Pode ser parcial ou completo (até ao introito vaginal)
Hemivagina obstruída: quando um septo longitudinal se une à parede lateral, criando uma área da vaginaVaginaThe vagina is the female genital canal, extending from the vulva externally to the cervix uteri internally. The structures have sexual, reproductive, and urinary functions and a rich blood supply, mainly arising from the internal iliac artery.Vagina, Vulva, and Pelvic Floor: Anatomy que se encontra obstruída
Normalmente ocorre em conjunto com um útero didelfo
Septo vaginal transverso:
Pode incluir “janelas”, chamadas fenestrações, que permitem um fluxo menstrual lento
Ou pode ser completamente obstrutivo
Agenesia vaginal:
Agenesia da parte superior da vaginaVaginaThe vagina is the female genital canal, extending from the vulva externally to the cervix uteri internally. The structures have sexual, reproductive, and urinary functions and a rich blood supply, mainly arising from the internal iliac artery.Vagina, Vulva, and Pelvic Floor: Anatomy (síndrome MRKH):
O colo do útero, corpo uterino e as trompas de Falópio normalmente também estão ausentes.
Os ovários (estruturas não müllerianas) estão geralmente presentes e são normais.
Agenesia da parte inferior da vaginaVaginaThe vagina is the female genital canal, extending from the vulva externally to the cervix uteri internally. The structures have sexual, reproductive, and urinary functions and a rich blood supply, mainly arising from the internal iliac artery.Vagina, Vulva, and Pelvic Floor: Anatomy:
Devido ao desenvolvimento anormal dos bulbos sinovaginais
Os ductos müllerianos são normais. A parte superior da vaginaVaginaThe vagina is the female genital canal, extending from the vulva externally to the cervix uteri internally. The structures have sexual, reproductive, and urinary functions and a rich blood supply, mainly arising from the internal iliac artery.Vagina, Vulva, and Pelvic Floor: Anatomy, colo do útero/útero, trompas de Falópio e ovários estão tipicamente presentes e são normais.
Alterações vaginais congénitas: À esquerda: útero didelfo com septo vaginal longitudinal No meio: útero didelfo com septo longitudinal e hemivagina obstruída À direita: útero normal com septo vaginal transverso
Septo vaginal longitudinal visualizado no exame objetivo
Imagem : “Complete septum evidenced two vaginal cavities” pelo Gynecology and Obstetrics Service of Metropolitano Hospital, Medical School of Ingá Faculty (Uningá), Avenida D. Pedro I 65, 87110-001 Sarandi, PR, Brazil. Licença: CC BY 3.0
Tipos de alterações do hímen
Hímen imperfurado
Microperfurado ou perfurações cribriformes
Septado
Hímen normal numa parturiente em comparação com malformações comuns do hímen, incluindo hímen microperfurado, septado, cribriforme e imperfurado
Alterações completamente obstrutivas (por exemplo, septos vaginais transversos, agenesia vaginal, hímen imperfurado):
Incapacidade de penetrar completamente na vaginaVaginaThe vagina is the female genital canal, extending from the vulva externally to the cervix uteri internally. The structures have sexual, reproductive, and urinary functions and a rich blood supply, mainly arising from the internal iliac artery.Vagina, Vulva, and Pelvic Floor: Anatomy durante:
Inserção de tampão
Relação sexual
Exame objetivo
Se o útero e ovários forem funcionais, na menarca as doentes também experienciam:
Dismenorreia severa
Dor pélvica cíclica ou crónica
Massa ou protuberância vaginal
Obstruções incompletas (por exemplo, hímen septado, hemivagina obstruída) apresentam sintomas de dor semelhantes e:
Hemorragia irregular
Hemorragia prolongada
Todas as alterações vaginais e do hímen podem também apresentar dor durante a relação sexual (conhecida como dispareunia).
Septo vaginal longitudinal versus hímen septado:
Hemorragia apesar da utilização de tampão → septo vaginal longitudinal
Incapacidade de remover um tampão depois de inserido → hímen septado. Como o tampão é fino no aplicador, ele pode passar por 1 lado, mas após a colocação ele expande e não é possível remover.
Diagnóstico
O diagnóstico obtém-se através de um exame pélvico e ecografia.
A ressonância magnética pode ser usada para diferenciar entre um septo transverso alto e agenesia cervical/uterina.
Todas as doentes com alterações vaginais e himenais devem ser submetidas a exames de imagiologia pélvica para procurar alterações uterinas associadas.
Nos exames de imagem, as lesões obstrutivas podem demonstrar:
Hematocolpos: acumulação de sangue menstrual na vaginaVaginaThe vagina is the female genital canal, extending from the vulva externally to the cervix uteri internally. The structures have sexual, reproductive, and urinary functions and a rich blood supply, mainly arising from the internal iliac artery.Vagina, Vulva, and Pelvic Floor: Anatomy
Hematometra: acumulação de sangue no útero
Tratamento
Para as alterações septais e do hímen: resseção cirúrgica
Para a agenesia vaginal:
Os dilatadores vaginais utilizados de forma regularRegularInsulin podem permitir atingir um bom comprimento funcional (para relações sexuais) na maioria das doentes.
Existem procedimentos cirúrgicos complexos especializados para criar uma neovagina, se desejado pela doente, para relações sexuais com penetração.
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