Traumatismo Torácico Fechado

O traumatismo torácico fechado é uma lesão traumática não penetrante da cavidade torácica. As lesões traumáticas torácicas são classificadas de acordo com o mecanismo da lesão, como lesões fechadas ou abertas (penetrantes). As lesões podem afetar diferentes estruturas, incluindo a parede torácica (costelas, esterno), pulmões, coração, grandes vasos e esófago. A história clínica e o exame objetivo, apoiados por exames imagiológicos adequados, auxiliam na identificação da extensão e do tipo específico de lesão traumática torácica. A abordagem terapêutica depende do tipo específico de lesão.

Última atualização: Aug 1, 2023

Responsibilidade editorial: Stanley Oiseth, Lindsay Jones, Evelin Maza

Descrição Geral

Definição

O traumatismo torácico fechado é uma lesão e consequente patologia decorrente da aplicação de forças cinéticas significativas ao tórax, que não causam penetração da cavidade torácica.

Epidemiologia

  • Incidência nos Estados Unidos: 12:1.000.000 por dia
    • 33% requerem internamento hospitalar.
    • Responsável por 20%–25% de todas as mortes (de colisões de veículos motorizados)
  • Fatores de risco associados a um resultado desfavorável:
    • Idade avançada
    • Maior pontuação na escala de gravidade de lesão (ISS, pela sigla em inglês)

Etiologia

  • Os acidentes de viação são a causa mais comum (80%).
  • Outras causas comuns:
    • Quedas
    • Atropelamentos de pedestres por veículos
    • Atos de violência
    • Lesões por explosão

Classificação

  • Força direta de contusão: objeto atingindo a parede torácica (e.g., agressão exercendo força pelo punho ou bastão)
  • Aceleração ou desaceleração: alterações rápidas na energia cinética (e.g., paragem rápida de carro)
  • Força de rotura: forças que empurram diferentes partes do corpo em direções opostas, geralmente uma combinação de aceleração e desaceleração (e.g., uma colisão frontal de 2 carros em movimento)
  • Compressão: lesão por esmagamento (e.g., queda de objeto pesado sobre uma pessoa)
  • Explosões: transferência de energia para o tecido torácico de uma onda de choque (e.g., explosão próxima)

Fisiopatologia

A parede torácica é composta por:

  • Osso: costelas e cartilagem intercostal
  • Musculatura: grupos musculares intercostais e peitorais
  • Neurovasculatura: nervos, artérias e veias intercostais
  • Tecido conjuntivo: pleura visceral e parietal

A função da parede torácica é absorver o traumatismo e proteger as estruturas vulneráveis subjacentes contra danos:

  • Estruturas da parede torácica:
    • Fraturas de costelas, clavículas ou cartilagem
    • Equimose, laceração ou lesão por esmagamento da musculatura e da pele
    • Acumulação de sangue ou ar no espaço pleural potencial
  • Estruturas subjacentes:
    • Lesão da aorta e outros grandes vasos
    • Contusão dos pulmões
    • Contusão/laceração do coração

Abordagem Inicial ao Paciente Traumatizado

Exame objetivo

O mecanismo suspeito de lesão deve levar à suspeita de um traumatismo torácico fechado. Os algoritmos de tratamento e as guidelines direcionam a avaliação:

  • Avaliação primária – via aérea, respiração e circulação (ABC):
    • Via aérea:
      • Procurar objetos estranhos bloqueando a via aérea (dentes soltos são corpos estranhos comuns em traumatismos de alta energia).
      • Avaliar a presença de lesão da traqueia (lesão traqueal significa que a intubação será complexa).
      • Ouvir sons respiratórios anormais (estridor sugere estreitamento por corpo estranho ou edema).
    • Respiração:
      • Observar o movimento da parede torácica e avaliar respiração uniforme e espontânea (movimento assimétrico do tórax sugere “volet costal”).
      • Ouvir os sons respiratórios (abafados ou irregulares podem sugerir pneumotórax ou hemotórax).
    • Circulação:
      • Palpar pulsos em todas as 4 extremidades (taquicardia sugere instabilidade hemodinâmica ou pneumotórax).
      • Avaliar o preenchimento capilar nas extremidades.
  • Avaliação secundária:
    • Mecanismo de lesão:
      • Ajuda a determinar a gravidade da lesão
      • Pode indicar quais estruturas torácicas estão lesadas
    • Inspeção cuidadosa da parede torácica: A marca do cinto de segurança ou do volante sugere lesões graves.

Imagiologia

Embora a abordagem inicial para estabilizar um paciente com traumatismo torácico seja padronizada, a utilização de exames imagiológicos complementares depende da lesão descoberta durante a avaliação inicial.

A escolha dos exames de imagem mais adequados depende da estabilidade hemodinâmica do paciente:

  • Radiografia de tórax e avaliação focada com ecografia para trauma (FAST, pela singla em inglês) → exames diagnósticos iniciais
  • Apenas pacientes estáveis podem ser submetidos a uma tomografia computadorizada (TC).
  • Pacientes instáveis → deve ser considerada cirurgia de emergência

Lesão da Parede Torácica

Fratura de costelas

  • Manifestações clínicas:
    • A dor é localizada e reproduzível pela respiração profunda.
    • A localização da dor aponta para possíveis lesões subjacentes adicionais:
      • 1ª costela: possível trauma dos ápices pulmonares, vasos subclávios
      • 2ª costela: possível aorta ascendente, trauma da veia cava superior
      • 10ª costela: possível lesão diafragmática, hepática, esplénica
      • 11ª costela: possível lesão diafragmática, hepática, esplénica
      • 12ª costela: possível lesão renal
  • Achados do exame objetivo:
    • Dor pontual à palpação
    • Possível hematoma visível ou deformidade
    • Podem se ouvir crepitações.
  • Imagiologia:
    • Radiografia (apropriado em pacientes estáveis):
      • Radiografia de tórax póstero-anterior (PA)
      • Sensibilidade baixa, mas útil para identificar pneumotórax, hemotórax e contusão pulmonar associados
    • Tomografia computadorizada (indicada em lesões mais graves):
      • Geralmente não realizado se houver suspeita apenas de fratura de costela
      • Maior sensibilidade
      • Útil para maior detalhe de anatomia
    • Ecografia:
      • Menos frequentemente utilizada
      • Útil para detalhar a extensão do pneumotórax, hemotórax ou contusão pulmonar associados
  • Tratamento:
    • Analgesia:
      • Permite que os pacientes respirem profundamente, diminui a pneumonia associada
      • Escolha de bloqueios nervosos, opioides ou anti-inflamatórios não esteroides (AINE) com base na gravidade da dor
    • Cinesioterapia respiratória: espirometria de incentivo

Volet costal

  • Manifestações clínicas:
    • Taquipneia
    • Taquicardia
    • Hipóxia
  • Achados do exame objetivo:
    • Achados semelhantes aos de fraturas simples de costelas
    • 3 ou mais costelas adjacentes são fraturadas em 2 locais.
    • Segmento da parede torácica move-se em oposição ao resto durante a respiração (movimento paradoxal).
  • Imagiologia:
    • A radiografia pode mostrar múltiplas fraturas de costelas.
    • A TC está geralmente indicada para melhor detalhe anatómico.
  • Tratamento:
    • Oxigenioterapia
    • Analgesia
    • Ventilação com pressão positiva (VPP) para insuficiência respiratória
Peito flácido

Volet costal: costelas fraturadas que se movem paradoxalmente em comparação com a parede torácica

Imagem por Lecturio.

Fratura da clavícula

  • Manifestações clínicas:
    • Dor localizada à palpação
    • Dor à rotação do ombro
    • Sensação de “estalar” com movimento
  • Achados do exame objetivo:
    • Deformidade localizada ou edema visíveis
    • Crepitação palpável
    • Dor localizada à palpação
  • Imagiologia: a radiografia é suficiente para definir a localização e a gravidade da lesão.
  • Tratamento:
    • Analgesia/aplicação de gelo
    • Imobilização com ortótese restringindo o movimento do ombro a < 30° de abdução, flexão para frente ou extensão
    • As indicações para cirurgia incluem:
      • Fratura exposta
      • Deslocamento ósseo
      • Lesão neurovascular
      • Protuberância na pele (efeito de tenda)

Fraturas do esterno

  • Manifestações clínicas:
    • Dor localizada ao esterno
    • Necessárias forças muito elevadas, geralmente associadas a outras lesões internas
  • Achados do exame objetivo:
    • Dor à palpação da área esternal
    • Crepitação óssea ou deformidade
  • Imagiologia:
    • A ecografia é utilizada como rastreio.
    • A radiografia de tórax tem baixa sensibilidade.
    • TC de tórax e eletrocardiograma (ECG) devem ser realizados para possíveis lesões associadas.
  • Tratamento:
    • Pacientes estáveis com fraturas isoladas do esterno: O tratamento em ambulatório é aceitável.
    • Fraturas mais complexas com patologia associada: requerem consulta cirúrgica para tratamento
Tc de fratura do esterno

TC de tórax mostrando fratura esternal cominutiva:
As fraturas do esterno podem ocorrer durante traumatismos torácicos de alta energia e podem ser simples (significando uma única fratura) ou cominutivas (onde ocorre fratura do osso em múltiplos fragmentos). Geralmente, as fraturas do esterno estão associadas a lesões subjacentes dos pulmões ou do coração.

Imagem : “Sternal fracture CT” por Monkhouse SJ, Kelly MD. Licença: CC BY 2.0

Lesão dos Pulmões

Contusão pulmonar

  • Manifestações clínicas:
    • Desenvolve-se gradualmente dentro de 24 horas após o traumatismo
    • Taquipneia, taquicardia, hipoxemia
  • Achados do exame objetivo:
    • Contusão ou deformidade da parede torácica
    • A ausência de alterações da parede torácica não exclui contusão pulmonar.
  • Imagiologia:
    • A radiografia mostra opacificação irregular, não lobular e homogénea dos campos pulmonares.
    • Pode se encontrar a nível posterior ou não ser visível na radiografia
    • A TC pode fornecer melhores detalhes anatómicos.
  • Tratamento:
    • Oxigenioterapia
    • Analgesia
    • Fisioterapia torácica
    • Ventilação mecânica em casos graves

Pneumotórax simples

  • Manifestações clínicas:
    • Dispneia aguda
    • Dor torácica unilateral (geralmente) de início súbito, correspondente ao lado do pulmão colapsado
  • Achados do exame objetivo:
    • ↓ Murmúrio vesicular
    • Timpanismo à percussão
    • ↓ Frémito vocal tátil
  • Imagiologia: radiografia de tórax
    • Modalidade de escolha
    • Hipertransparência
    • Sem desvio traqueal ou do mediastino
  • Tratamento:
    • Pneumotórax estável de pequena dimensão (≤ 2 cm):
      • Resolução espontânea sem intervenção
      • Oxigenoterapia conforme necessário.
    • Sintomático emergente: descompressão com agulha
    • Pneumotórax de pequena dimensão ou sintomático que não resolve espontaneamente: colocação de dreno torácico
Radiografia de tórax mostrando pneumotórax esquerdo

Radiografia de tórax demonstrando um pneumotórax esquerdo:
A linha verde delineia a linha pleural. Observar a ausência de estruturas broncovasculares para além dessa linha.

Imagem : “Anteroposterior expired X-ray” por Mikael Häggström, MD Licença: CC0 , editado por Lecturio.

Pneumotórax hipertensivo

  • Manifestações clínicas:
    • Dispneia aguda
    • Dor torácica unilateral (geralmente) de início súbito correspondente ao lado do pulmão colapsado
  • Achados do exame objetivo:
    • ↓ Murmúrio vesicular
    • Timpanismo à percussão
    • Desvio do mediastino na direção oposta ao pneumotórax hipertensivo
    • ↓ Frémito vocal tátil
    • Ingurgitamento venoso jugular
  • Imagem: radiografia de tórax
    • Modalidade de escolha
    • Hipertransparência
    • Desvio traqueal ou do mediastino na direção oposta ao pulmão colapsado
  • Tratamento:
    • Descompressão com agulha emergente
    • Colocação do dreno de toracostomia para evitar a reentrada e acumulação de ar
Tension pneumothorax (pneumotórax hipertensivo)

Pneumotórax hipertensivo:
Os pneumotórax espontâneos e traumáticos podem evoluir para pneumotórax hipertensivo se o defeito que permite a entrada de ar no espaço pleural se tornar uma válvula de 1 via (o ar entra durante a inspiração, mas não consegue sair durante a expiração), causando um aumento da pressão na cavidade pleural, deslocando o mediastino para o lado contralateral.

Imagem por Lecturio.

Hemotórax

  • Manifestações clínicas:
    • Dor torácica
    • Dispneia de início agudo
  • Achados do exame objetivo:
    • ↓ Murmúrio vesicular
    • Macicez à percussão
    • Desvio traqueal, desvio do mediastino
    • ↓ Frémito vocal tátil
    • Sinais de choque hemorrágico em hemotórax de grande dimensão:
      • Hipotensão
      • Taquicardia
      • Taquipneia
      • ↓ Pressão venosa jugular
  • Imagiologia:
    • Radiografia de tórax:
      • Melhor exame diagnóstico inicial
      • A imagem em posição vertical mostra camadas de sangue.
      • A imagem em decúbito dorsal mostra hipotransparência ou opacidade (branco).
      • Também pode mostrar ar livre se houver presença de pneumotórax
    • Ecografia dos pulmões:
      • Parte do exame de avaliação focada estendida com ecografia para trauma (e-FAST, pela sigla em inglês)
      • Pode ser obtida rapidamente
      • Pode mostrar líquido complexo na cavidade pleural
      • Mais sensível que a radiografia de tórax na deteção de hemotórax, mas depende do operador
    • Escolha de imagem definitiva de TC de tórax:
      • Só deve ser obtida se o paciente estiver estável
      • A TC pode mostrar outra patologia associada.
      • A angiografia por TC pode mostrar a origem da hemorragia.
  • Tratamento:
    • Dreno torácico
    • Toracotomia (se > 1,5 L de sangue drenado diretamente ou alto débito contínuo)

Lesão da Via Aérea

Rotura traqueobrônquica

  • Manifestações clínicas:
    • Obstrução da via aérea causando estridor, dispneia marcada e insuficiência respiratória
    • Hemoptises
    • Insucesso na resolução do pneumotórax após colocação de dreno torácico (devido ao extravasamento de ar contínuo)
  • Achados do exame objetivo:
    • Dor esternal
    • Enfisema subcutâneo
    • Sinal de Hamman: crepitação audível à auscultação cardíaca
  • Imagiologia:
    • Radiografia de tórax ou TC dependendo da disponibilidade
    • Pneumomediastino (aprisionamento de ar no centro da cavidade torácica)
    • Elevação do osso hioide acima da 3ª vértebra cervical
  • Tratamento:
    • Broncoscopia para avaliar a extensão da lesão
    • Correção cirúrgica mesmo em pacientes estáveis devido a risco de desenvolver estenose da via aérea
Tracheobronchial rupture

Laceração traqueobrônquica
A lesão da traqueia ou dos brônquis é vista com frequência no trauma torácico de alta energia.

Imagem: “Tracheobronchial rupture 3D CT 3” por Morgan Le Guen, Catherine Beigelman, Belaid Bouhemad, Yang Wenjïe, Frederic Marmion. Licença: CC BY 2.0

Lesão do Coração

Tamponamento cardíaco

  • Manifestações clínicas:
    • Sintomas de choque cardiogénico
    • Dispneia e taquipneia
    • Desconforto ou pressão torácicos
  • Achados do exame objetivo:
    • Tríade de Beck:
      • Hipotensão
      • ↑ Pressão venosa jugular
      • Sons cardíacos hipofonéticos
    • Pulso paradoxal: queda desproporcionalmente grande da pressão arterial sistólica durante a inspiração
    • Atrito pericárdico: som cardíaco adicional crescendo-decrescendo audível, frequentemente descrito como um ruído rangente
  • Imagiologia:
    • Radiografia de tórax:
      • Silhueta cardíaca aumentada e globular (formato de coração “garrafa de água”)
      • Campos pulmonares limpos
    • Ecocardiograma: líquido à volta do coração
  • Tratamento: A pericardiocentese guiada por ecocardiografia é diagnóstica e terapêutica.

Contusão miocárdica

  • Manifestações clínicas:
    • Fratura do esterno associada
    • Sintomas de insuficiência cardíaca:
      • Dispneia
      • Dor torácica
  • Achados do exame físico: pode haver sinais de insuficiência cardíaca
  • Imagiologia: FAST
  • Tratamento:
    • Manter a perfusão cerebral com ressuscitação volémica ou medicação, conforme necessário.
    • A pericardiocentese com agulha pode ser útil quando associada a derrame pericárdico.

Paragem cardíaca traumática (commotio cordis)

  • Manifestações clínicas:
    • Paragem cardíaca que ocorre numa porção de pacientes predispostos quando o tórax sobre o coração é atingido durante uma parte específica do ciclo cardíaco
    • História clínica de colapso após trauma torácico
    • Ausência de antecedentes de outra doença cardíaca
  • ECG:
    • Assistolia
    • Fibrilhação ventricular
  • Tratamento: Reanimação cardiopulmonar (RCP) e desfibrilação, seguindo as recomendações de suporte básico de vida (SBV)
Commotio cordis

Janela de risco de Commotio cordis:
Commotio cordis é uma paragem cardíaca que ocorre quando o tórax sobre o coração é atingido durante a parte do ciclo cardíaco correspondente ao movimento ascendente da onda T no ECG.

Imagem : “Commotio Cordis” por Agateller. Licença: Domínio Público

Lesão de um Vaso Sanguíneo

Rotura aórtica traumática

  • Manifestações clínicas:
    • Dor interescapular
    • Dificuldade em respirar
    • Alteração do estado mental
    • Frequentemente observada em contexto de uma desaceleração rápida
  • Achados do exame objetivo:
    • Sinal de traumatismo significativo de alta energia no tórax (e.g., marca do volante)
    • Hematoma subclavicular esquerdo
    • Novo sopro cardíaco
  • Imagiologia:
    • A radiografia de tórax geralmente obtida por protocolo de trauma pode mostrar:
      • Alargamento e desvio do mediastino
      • Contorno do arco aórtico distorcido
      • Hemotórax, especialmente acima do ápice do pulmão esquerdo
    • A TC de tórax e o ecocardiograma transesofágico (ETE) são modalidades diagnósticas definitivas.
  • Tratamento:
    • Terapêutica anti-hipertensiva
    • Reparação cirúrgica emergente

Lesão do Esófago ou Diafragma

Rotura diafragmática

  • Manifestações clínicas:
    • Desconforto respiratório
    • Náuseas/vómitos
  • Achados do exame objetivo:
    • Deve ser suspeitado com base na localização da lesão → o diafragma atinge até ao 4º espaço intercostal durante a expiração
    • Sons intestinais no tórax devido a herniação intestinal através do diafragma
    • Sons pulmonares diminuídos
    • Macicez à percussão
    • Achados mais comuns no lado esquerdo (o lado direito é protegido pelo fígado)
  • Imagiologia — encontrada incidentalmente em radiografia, TC e ecografia realizada para avaliação de trauma:
    • Elevação do hemidiafragma
    • Intestino delgado nos pulmões
  • Tratamento: Encerramento cirúrgico
Ruptura diafragmática

Rotura diafragmática:
Rotura do diafragma secundária a trauma torácico observado na radiografia de tórax como conteúdo intestinal na cavidade torácica. A seta marcada com X aponta para a porção do baço herniando na cavidade torácica através de uma rotura diafragmática.

Imagem : “Diaphragmatic rupture” por Hariharan D, Singhal R, Kinra S, Chilton A. Licença: CC BY 2.0

Rotura esofágica

  • Manifestações clínicas – sem achados específicos, mas foram observados os seguintes:
    • Dor torácica
    • Dificuldade em engolir
  • Achados do exame objetivo:
    • Crepitação subcutânea
    • Hematoma cervical
  • Imagiologia:
    • Radiografia de tórax ou TC:
      • Pneumomediastino
      • Derrame pleural
    • A esofagografia com contraste hidrossolúvel é diagnóstica.
  • Tratamento:
    • Antibioterapia e terapêutica de suporte
    • Reparação cirúrgico para reduzir o risco de extravasamento significativo, que pode causar uma resposta inflamatória sistémica

Relevância Clínica

  • Volet costal: uma condição que ocorre quando ocorre fratura de 3 ou mais costelas contíguas em 2 ou mais locais diferentes. Caracteriza-se por dor torácica, taquipneia, hipoxemia e movimento paradoxal da parede torácica. O tratamento inclui oxigenoterapia, analgesia e VPP se houver insuficiência respiratória.
  • Hemotórax: coleção de sangue na cavidade pleural. Geralmente ocorre após trauma torácico, que leva à laceração pulmonar ou dano das artérias intercostais. Os sintomas incluem dispneia e dor torácica. Os sinais incluem hipotensão, taquicardia, diminuição da entrada de ar, desvio traqueal e macicez à percussão. O tratamento consiste na inserção de um dreno torácico. A toracotomia pode estar indicada.
  • Contusão pulmonar: uma lesão pulmonar traumática do parênquima pulmonar. Os pacientes apresentam taquipneia, taquicardia e hipoxemia. Os exames de imagem mostram infiltrados alveolares irregulares não restringidos por bordos anatómicos (opacificação não lobar). O tratamento envolve oxigenoterapia, analgesia, fisioterapia torácica e ventilação mecânica em casos graves.
  • Pneumotórax: coleção anormal de ar no espaço pleural. Pode ser classificado em pneumotórax simples e hipertensivo. O pneumotórax pode ser espontâneo, iatrogénico ou traumático. O exame objetivo revela murmúrio vesicular diminuído, timpanismo à percussão, desvio traqueal, desvio do mediastino (para longe do pneumotórax hipertensivo), frémito vocal tátil diminuído e ingurgitamento jugular. O tratamento inclui descompressão com agulha e toracotomia.
  • Tamponamento cardíaco: coleção de líquido no espaço pericárdico, resultando numa redução do enchimento ventricular e consequente comprometimento hemodinâmico. O tamponamento cardíaco é uma forma grave de derrame pericárdico. Em contexto de trauma, o líquido é hemático. Os achados do exame físico incluem a tríade de Beck (hipotensão, ingurgitamento jugular e sons cardíacos hipofonéticos). O tratamento consiste na pericardiocentese.
  • Dissecção da aorta: ocorre quando uma fissura se desenvolve no revestimento interno (túnica íntima) da parede da aorta, o que faz com que o sangue entre na camada média. Marcado por dor intensa, caracteristicamente conhecida como “dor dilacerante”. A dissecção da aorta é uma emergência médica grave que requer um diagnóstico e tratamento urgentes. Os fatores de risco incluem a hipertensão arterial, doenças genéticas e trauma. O tratamento começa com o controlo da pressão arterial e muitas vezes requer cirurgia cardiovascular para colocação de stent da aorta.

Referências

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  2. Mancini MC. (2020). Blunt Chest Trauma. In: Blunt Chest Trauma. Emedicine. http://emedicine.medscape.com/article/428723-overview. Retrieved November 22, 2020.
  3. Dogrul BN, Kiliccalan I, Asci ES, Peker SC. (2020). Blunt trauma related chest wall and pulmonary injuries: An overview. Chin J Traumatol 23 (3):125-138.
  4. Beshay M, Mertzlufft F, Kottkamp HW, Reymond M, Schmid RA, Branscheid D, et al. (2020). Analysis of risk factors in thoracic trauma patients with a comparison of a modern trauma centre: a mono-centre study. World J Emerg Surg 15 (1):45.
  5. Refaely Y, Koyfman L, Friger M, Ruderman L, Saleh MA, Sahar G, et al. (2018). Clinical Outcome of Urgent Thoracotomy in Patients with Penetrating and Blunt Chest Trauma: A Retrospective Survey. Thorac Cardiovasc Surg 66 (8):686-692.
  6. Rodriguez RM, Hendey GW, Marek G, Dery RA, Bjoring A. (2006). A pilot study to derive clinical variables for selective chest radiography in blunt trauma patients. Ann Emerg Med 47(5):415-8. doi: 10.1016/j.annemergmed.2005.10.001. Epub 2005 Dec 27. PMID: 16631976.

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