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Hordéolo (Terçolho)

Um hordéolo é uma infeção aguda que afeta as glândulas da pálpebra: Meibómio, Zeis ou Moll. A estase das secreções glandulares predispõe à infeção bacteriana. O Staphylococcus aureus é o agente mais comum. Esta condição apresenta-se como uma massa dolorosa, localizada e eritematosa na lamela anterior (hordéolo externo) ou posterior (hordéolo interno) da pálpebra. Um hordéolo geralmente resolve espontaneamente e pode ser tratado com compressas quentes, massagem e higiene das pálpebras. Em alguns casos de edema significativo, podem ser necessários antibióticos tópicos com corticóide. Se não se verificar a resolução do hordéolo, o doente deve ser encaminhado para a oftalmologia para incisão e drenagem.

Última atualização: Jan 18, 2023

Responsibilidade editorial: Stanley Oiseth, Lindsay Jones, Evelin Maza

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Descrição Geral

Anatomia

  • Pálpebras:
    • Protegem os olhos de lesões e luz
    • Porção anterior:
      • Composta pelo músculo orbicular do olho e pele
      • Anexos (cílios, glândulas de Zeis e Moll)
    • Porção posterior:
      • Conjuntiva palpebral e placa tarsal
      • Glândulas de Meibómio
  • Glândulas da pálpebra:
    • Glândula de Moll:
      • Glândulas sudoríparas modificadas
      • Orifício entre cílios adjacentes
    • Glândula de Zeis:
      • Glândula sebácea
      • Orifício no folículo dos cílios
      • O sebo produzido tem atividade anti-sética contra bactérias.
    • Glândulas de Meibómio:
      • Glândulas sebáceas modificadas com aberturas atrás dos cílios
      • 20-25 glândulas por pálpebra
      • Meibum (secreção rica em lípidos): previne a evaporação das lágrimas e uniformiza o filme lacrimal sobre a superfície ocular
      • Imunoglobulina A, mucina 1 e lisossomas na secreção: defesa contra infeção
Corte sagital da pálpebra superior

Corte sagital da pálpebra superior

Image by Lecturio.

Hordéolo

  • Infeção aguda, geralmente de origem bacteriana, da(s) glândula(s) da pálpebra
  • Também chamado de terçolho
  • Categorias:
    • Hordéolo externo na lamela anterior da pálpebra (camadas superficiais) afeta as glândulas de Zeis e Moll.
    • Hordéolo interno na lamela palpebral posterior afeta as glândulas de Meibómio.
Tabela: Glândulas da pálpebra
Nome Tipo Local de abertura Infeção
Glândula de Zeis Glândula sebácea Diretamente no folículo dos cílios Hordéolo externo
Glândula de Moll Glândulas sudoríparas modificadas Entre cílios adjacentes Hordéolo externo
Glândula de Meibómio Glândula sebácea modificada Atrás dos cílios Hordéolo interno

Etiologia

  • Fatores de risco:
    • Doenças da pele (por exemplo, rosácea e dermatite seborreica) com envolvimento palpebral
    • Redução ou estase das secreções das glândulas Zeis, Moll e Meibómio → defesas diminuídas contra infeções
    • Maquilhagem nos olhos (pode estar contaminada por bactérias)
    • História pregressa de lesões palpebrais semelhantes
    • Diabetes
  • Frequentemente causado por infeção das glândulas: Staphylococcus aureus (agente mais comum)

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Apresentação Clínica

  • Sintomas:
    • Massa dolorosa localizada na margem palpebral ou no lado conjuntival da pálpebra
    • Inicialmente, pode haver um edema palpebral generalizado que depois focaliza
    • Dependendo do tamanho e localização, a lesão pode obstruir parte do campo visual.
  • Exame:
    • Massa palpebral eritematosa e dolorosa, circunscrita, que pode ou não ter drenagem
    • Acuidade visual: pode estar afetada se a lesão for grande o suficiente
    • Movimentos dos músculos extraoculares: intactos e indolores
    • Para localizar um hordéolo interno é necessário fazer eversão da pálpebra

Complicações

  • Chalázio:
    • Pode resultar de um hordéolo após diminuição da inflamação
    • Trata-se de um nódulo elástico-duro e indolor que surge da obstrução das glândulas de Meibómio e de Zeis
    • Se pequeno, à partida resolve espontaneamente
  • Conjuntivite:
    • Hordéolo interno: pode causar inflamação conjuntival (quando irrita o lado conjuntival)
  • A infeção pode espalhar-se para lá das glândulas palpebrais:
    • Celulite pré-septal:
      • Inflamação/infeção das estruturas anteriores ao septo orbitário (pele e tecido celular subcutâneo)
      • Apresenta-se com dor, febre, edema, eritema e secreções
    • Celulite orbitária:
      • Inflamação/infeção das estruturas posteriores ao septo orbitário (gordura orbital, músculos, osso)
      • Apresenta-se com dor, febre, eritema, secreções, edema, proptose, diplopia e movimentos oculares anormais
Celulite orbitária

Fotografia de celulite orbitária, uma infeção bacteriana dos tecidos perioculares.

Image: “Orbital cellulitis” by Jonathan Trobe. License: CC BY 3.0

Tratamento

A maioria dos hordéolos resolve espontaneamente, em cerca de 1 a 2 semanas.

  • Tratamento conservador:
    • Compressas mornas:
      • Para facilitar a drenagem do abcesso e aliviar os sintomas
      • Aplicar por 15 minutos 4 vezes/dia até resolução
    • Massagem terapêutica e esfoliação da pálpebra para limpeza de detritos
  • Pomada tópica antibiótica/corticóide:
    • Se o tratamento inicial falhar
    • Se existir edema significativo (que provoque pressão da córnea)
  • Antibióticos sistémicos: se hordéolo associado a celulite pré-septal ou orbitária
  • Incisão e drenagem: pode ser necessário se o hordéolo não melhorar dentro de 7 a 14 dias

Diagnóstico Diferencial

  • Conjuntivite: inflamação da conjuntiva (camada externa do olho). A etiologia pode ser infeciosa ou não infeciosa. Os pacientes apresentam hiperemia e secreções em um ou ambos os olhos. A conjuntivite bacteriana geralmente apresenta secreções purulentas, enquanto as causas víricas apresentam secreções aquosas.
  • Chalázio: massa firme e não dolorosa na pálpebra que resulta da obstrução das glândulas de Zeis ou de Meibómio. Um chalázio pode assemelhar-se a um hordéolo, mas é indolor sem características inflamatórias agudas. Pode desenvolver-se a partir de um hordéolo e apresentar alterações granulomatosas crónicas. Esta condição é geralmente tratada de forma conservadora com compressas mornas. A persistência da lesão requer incisão e curetagem ou injeção de corticoide por um oftalmologista.
  • Dacriocistite: inflamação do saco nasolacrimal geralmente causada por obstrução do ducto. Apresenta-se como eritema e edema da área do canal lacrimal. Quando infetada, a dacriocistite apresenta secreção mucopurulenta. O tratamento inicial inclui compressas quentes e antibióticos, se indicado. Nos casos de obstrução persistente, é realizada intubação do ducto nasolacrimal ou outras intervenções cirúrgicas.

Referências

  1. Bragg, K., Le, P., Le, J. (2020). Hordeolum. StatPearls. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK441985/
  2. Ehrenhaus, M., Ing, E. (2018). Hordeolum. Medscape. https://emedicine.medscape.com/article/1213080-overview
  3. Ghosh, C., Ghosh, T. (2020). Eyelid lesions. UpToDate. Retrieved 25 Oct 2020, from https://www.uptodate.com/contents/eyelid-lesions?search=hordeolum&source=search_result&selectedTitle=1~25&usage_type=default&display_rank=1#H130613690

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