Mão

A mão constitui a parte distal do membro superior e fornece os movimentos finos e precisos necessários nas atividades da vida diária. É composto por 5 ossos metacárpicos e 14 falanges, além de numerosos músculos inervados pelos nervos mediano e ulnar. Os músculos da mão classificam-se como extrínsecos (no antebraço) ou intrínsecos (na mão), dependendo da localização do ventre muscular. Estes músculos também são agrupados por área ou tipo: tenar, hipotenar, lumbricóides e interósseos.

Última atualização: Jan 17, 2024

Responsibilidade editorial: Stanley Oiseth, Lindsay Jones, Evelin Maza

Ossos da Mão

Os ossos da mão consistem em :

  • Metacarpos
    • Existem 5 ossos metacárpicos correspondentes a cada um dos dedos.
    • A porção proximal é chamada base.
    • A parte do meio é chamada eixo.
    • A porção distal é chamada cabeça.
  • Falanges
    • Os dedos 2-5 têm 3 falanges: proximal, média e distal.
    • O 1º dedo ou o polegar tem apenas 2 falanges: proximal e distal.

Articulações da Mão

As articulações da mão e dos dedos consistem em:

  • Articulações metacarpofalângicas, que ligam os metacarpos aos dedos
  • Articulações interfalângicas, articulações em dobradiça entre as falanges dos dedos
Tabela: Articulações da mão
Tipo Componentes Função Relevância clínica
Interfalângica Articulação em dobradiça
  • Entre as falanges de cada dedo
  • Articulações interfalângicas proximais (IFP) e interfalângicas distais (IFD)
  • O polegar tem uma articulação interfalângica (IF).
  • Flexão
  • Extensão
  • Distal: deformidade em pescoço de cisne, nódulos de Heberden
  • Proximal: deformidade na lapela, nódulos de Bouchard
Metacarpofalângica (MCF) Polegar: articulação em dobradiça Cabeça do 1º metacarpo e extremidade proximal da falange proximal
  • Flexão
  • Extensão
Afetada precocemente na artrite reumatóide
2º a 5º dedos: articulações elipsóides Cabeças do 2º ao 5º metacarpos e extremidade proximal das falanges proximais
  • Flexão
  • Extensão
  • Abdução
  • Adução

Vídeos recomendados

Músculos Intrínsecos da Mão

Os músculos da mão dividem-se em 2 grupos com base na localização do ventre muscular:

  1. Extrínsecos: Os ventres musculares estão no antebraço; fornecem força e aderência. (Consulte a secção a seguir.)
  2. Intrínsecos: Os ventres musculares estão na mão e são responsáveis pelo movimento fino dos dedos.
    • Músculos tenares:
      • Formam a eminência tenar
      • Responsáveis por vários movimentos do polegar
      • São todos inervados pelo nervo mediano (exceto o adutor do polegar, inervado pelo nervo ulnar)
    • Músculos hipotenares:
      • Formam a eminência hipotenar
      • Responsável por vários movimentos do 5º dedo (“dedo mindinho”)
      • São todos inervados pelo nervo ulnar
    • Lumbricóides:
      • Ligam os tendões flexores e extensores dos dedos
      • Flexão das articulações MCF e contribui para a extensão das articulações interfalângicas
      • Os lumbricóides I e II (lado lateral da mão) são inervados pelo nervo mediano.
      • Os lumbricóides III e IV (lado medial da mão) são inervados pelo nervo ulnar.
    • Interósseos:
      • 4 interósseos dorsais abduzem o 2º ao 5º dedos.
      • 3 interósseos palmares aduzem o 2º ao 5º dedos.
      • Inervados pelo nervo ulnar
Vista anterior da mão direita, com os músculos palma, tenar e hipotenar

Vista anterior da mão direita, com os músculos palmares, tenares e hipotenares, que compõem as eminências tenar e hipotenar e a aponevrose palmar

Imagem por BioDigital, editada por Lecturio.

Músculos tenares

Músculo Origem Inserção Inervação Função
Oponente do polegar Retináculo flexor e trapézio Lado lateral do 1º metacarpo Ramo recorrente do nervo mediano (C8) Oponência do polegar
Abdutor curto do polegar Retináculo dos flexores e tubérculos do escafóide e trapézio Lado lateral da falange proximal do 1º dedo
  • Abdução do polegar
  • Apoio da oponência
Flexor curto do polegar Retináculo flexor e trapézio
  • Cabeça superficial: nervo mediano
  • Cabeça profunda: ramo profundo do nervo ulnar (C8, T1)
Flexão do polegar
Adutor do polegar
  • Cabeça oblíqua: base dos 2º-3º metacarpos e capitato
  • Cabeça transversa: superfície palmar do 3º metacarpo
Lado medial da falange proximal do polegar Ramo profundo do nervo ulnar (C8) Adução do polegar
Músculos tenares na mão

Músculos tenares da mão

Imagem por Lecturio.

Músculos hipotenares

Músculo Origem Inserção Inervação Função
Palmar curto Retináculo flexor e aponevrose palmar Pele da eminência hipotenar Nervo ulnar Fortalecer o aperto palmar enrugando a pele da palma ulnar
Abductor do dedo mínimo Pisiforme e flexor ulnar do carpo Lado medial da falange proximal do 5º dedo Ramo profundo do nervo ulnar (T1) Abdução do 5º dedo
Flexor curto do dedo mínimo Gancho do hamato e retináculo flexor Flexão da falange proximal do 5º dedo
Oponente do dedo mínimo Bordo medial do 5º metacarpo Oponência do 5º dedo
Músculos hipotenares mão

Músculos hipotenares

Imagem por Lecturio.

Músculos lumbricóides

Músculo Origem Inserção Inervação Função
Lumbricóides (I-II) 2 tendões laterais do flexor profundo dos dedos Superfícies laterais das expansões extensoras do 2º ao 5º dedos Nervo mediano (T1) Flexão das articulações metacarpofalângicas e extensão das articulações interfalângicas do 2º ao 5º dedos
Lumbricóides (III-IV) 2 tendões mediais do flexor profundo dos dedos Ramo profundo do nervo ulnar (T1)
Músculos lumbricais

Músculos lumbricoides

Imagem por BioDigital, editada por Lecturio

Músculos interósseos

Músculo Origem Inserção Inervação Função
Interósseos dorsais (4 músculos) Lado radial e ulnar de cada par de metacarpos consecutivos Base das falanges proximais e expansões extensoras (dorsal: 2º a 4º dedos; palmar: 2º, 4º e 5º dedos) Ramo profundo do nervo ulnar (T1) Abdução do 2º a 4º dedos
Interósseos palmares (3 músculos) Lados dos metacarpos voltados para a linha média Adução dos 2º, 4º e 5º dedos

Músculos Extrínsecos da Mão

Os músculos extrínsecos da mão têm origem e ventres musculares no antebraço e dividem-se em músculos flexores (compartimento anterior) e extensores (compartimento posterior).

Extensores (envolvidos no retináculo extensor) Flexores (envolvidos em uma bainha sinovial comum)
Superficial Profundo Superficial Profundo
  • Extensor radial longo do carpo
  • Extensor radial curto do carpo
  • Extensor dos dedos
  • Extensor do dedo mínimo
  • Extensor ulnar do carpo
  • Abdutor longo do polegar
  • Extensor longo do polegar
  • Extensor curto do polegar
  • Extensor próprio do indicador
  • Flexor radial do carpo
  • Palmar longo
  • Flexor ulnar do carpo
  • Flexor superficial dos dedos
  • Flexor profundo dos dedos
  • Flexor longo do polegar

Músculos extensores extrínsecos: camada superficial

Músculo Origem Inserção Inervação Função
Extensor radial longo do carpo Crista supracondilar lateral do úmero Face dorsal da base do 2º metacarpo Nervo radial Abdução e extensão do punho (dorsiflexão)
Extensor radial curto do carpo Epicôndilo lateral Face dorsal da base do 3º metacarpo
Extensor dos dedos Expansão extensora, base das falanges média e distal do 2º ao 5º dedos Nervo interósseo posterior (C7; do nervo radial profundo)
  • Extensão do punho
  • Extensão do 2º ao 5º dedos nas articulações metacarpofalângicas e interfalângicas (no 5º dedo também atua o extensor do dedo mínimo)
Extensor do dedo mínimo Expansão extensora, falanges médias e distais do 5º dedo
Extensor ulnar do carpo Epicôndilo lateral do úmero e superfície posterior da ulna Face dorsal da base do 5º metacarpo Extensão e adução do punho
Músculos extensores superficiais da mão

Músculos extensores extrínsecos da mão: camada superficial

Imagem por BioDigital, editada por Lecturio.

Músculos extensores extrínsecos: camada profunda

Músculo Origem Inserção Inervação Função
Abdutor longo do polegar Superfície posterior do rádio e da ulna, membrana interóssea Base do 1º metacarpo Nervo interósseo posterior (C7 e C8) do nervo radial profundo
  • Extensão do punho
  • Abdução do polegar
  • Extensão do polegar na articulação carpometacárpica
Extensor longo do polegar Superfície posterior da ulna, membrana interóssea Superfície dorsal da falange distal do polegar
  • Extensão do punho
  • Extensão da falange distal (longa) e proximal (curta) do polegar na articulação interfalângica
  • Extensão das articulações metacarpofalângicas e carpometacárpicas
Extensor curto do polegar Superfície posterior do rádio, membrana interóssea Superfície dorsal da falange proximal do polegar
Extensor do dedo indicador Superfície posterior da ulna Expansão do extensor do 2º dedo
  • Extensão do 2º dedo
  • Auxilia na extensão do punho
Músculos extensores profundos da mão

Músculos extensores extrínsecos da mão: camada profunda

Imagem por BioDigital, editada por Lecturio.

Músculos flexores extrínsecos: camada superficial

Músculo Origem Inserção Inervação Função
Flexor radial do carpo Epicôndilo medial do úmero Base do 2º ao 3º metacarpos Nervo mediano (C7) Flexão e abdução do punho
Palmar longo Retináculo flexor e aponevrose palmar Flexão fraca do punho e tensão da aponevrose palmar
Flexor ulnar do carpo Epicôndilo medial do úmero, olecrânio e ulna posterior Pisiforme, gancho de hamato, base do 5º metacarpo Nervo ulnar (C8) Flexão e adução do punho
Flexor superficial dos dedos Epicôndilo medial do úmero, diáfise proximal do rádio Falanges médias dos 4 dedos mediais Nervo mediano (C7)
  • Flexão das articulações interfalângicas proximais
  • Auxilia na flexão das articulações metacarpofalângicas e do punho
Músculos flexores extrínsecos da mão - camada superficial

Músculos flexores extrínsecos da mão: camada superficial

Imagem por BioDigital , editada por Lecturio.

Músculos flexores extrínsecos: camada profunda

Músculo Origem Inserção Inervação Função
Flexor profundo dos dedos Extremidade proximal da ulna (superfícies medial e anterior) e membrana interóssea Falanges distais do 2º ao 5º dedos
  • Dedos 2 e 3: nervo mediano (C7, C8, T1)
  • Dedos 4 e 5: nervo ulnar (T1)
  • Flexão do punho
  • Flexão da articulação interfalângica distal
  • Mantém a articulação interfalângica proximal em extensão
Flexor longo do polegar Eixo do rádio (superfície anterior) e membrana interóssea Falange distal do polegar Nervo interósseo anterior (ramo do mediano) (C8)
  • Flexão do punho
  • Flexão das articulações interfalângicas e metacarpofalângicas do polegar
Músculos flexores extrínsecos da mão - camada profunda

Músculos flexores extrínsecos da mão: camada profunda

Imagem de BioDigital , editada por Lecturio.

Movimentos dos Dedos

Expansão dos extensores

Também conhecido como “capuz extensor”, expansão dorsal, “capuz dorsal” ou aponevrose dorsal da mão e/ou dedos. A expansão dos extensores compreende os tendões dos músculos extensores dos dedos e como estes se inserem nas falanges:

  • Na extremidade distal do metacarpo, estes tendões expandem-se e fundem-se para formar uma aponevrose (“capuz”), que cobre:
    • Cabeça do metacarpo (lados dorsal e lateral)
    • Falange proximal (lados dorsal e lateral)
  • Na falange proximal, os tendões dividem-se em bainha:
    • Bainhas laterais (2 por dedo): passam de cada lado da falange média e inserem-se na falange distal, recebendo tendões dos músculos lumbricóides, extensor do indicador e interósseos dorsais e palmares
    • Bainha central (1 por dedo): passa pelo centro da falange proximal para se inserir na base da falange média
    • Bainhas retinaculares (2 por dedo): passam obliquamente nos lados laterais da falange média para conectar as aponevroses dos lados palmar e dorsal do dedo
Expansão do extensor dos dígitos

Imagem esquemática de um dedo, com a expansão extensora ou aponevrose dorsal e inserção dos tendões do músculo flexor dos dedos

Imagem por Lecturio.

Sistema de polias flexoras

Compreende os tendões dos músculos flexores dos dedos e como estes se inserem nas falanges, sustentados por um sistema de ligamentos:

  • Aponevrose palmar
  • 5 polias anulares: constituídas por ligamentos retinaculares transversais
  • 3 polias cruciformes: constituídas por ligamentos cruzados oblíquos
  • Músculos flexores dos dedos:
    • Os tendões dos flexores superficiais dos dedos dividem-se na falange proximal e inserem-se lateralmente na falange média.
    • Os tendões dos flexores profundos dos dedos passam centralmente e inserem-se na falange distal.

Vasos da Mão

Vascularização arterial

A vascularização arterial da mão é fornecida por:

  • Artéria radial: palpa-se imediatamente lateral ao tendão flexor radial do carpo e imediatamente proximal à prega do punho
  • Artéria ulnar: palpa-se anteriormente na região medial do punho e passa para a mão através do canal de Guyon
  • Juntas, as artérias radial e ulnar formam 2 arcos arteriais:
    • Arco palmar superficial: artéria ulnar + ramo palmar superficial do radial
    • Arco palmar profundo: artéria radial + ramo palmar profundo do ulnar

Drenagem venosa

A drenagem venosa da mão é a origem das veias da extremidade superior e inicia-se na rede venosa dorsal e palmar da mão.

  • A veia cefálica origina-se da rede venosa dorsal na área da tabaqueira anatómica.
  • A veia basílica origina-se do lado ulnar da rede venosa dorsal da mão.
  • A veia antebraquial mediana origina-se da rede venosa palmar da mão.
Drenagem venosa da mão

Drenagem venosa da mão com arco venoso dorsal e veias digitais

Imagem por BioDigital, editada por Lecturio.

Vídeos recomendados

Inervação da Mão

A inervação da mão faz-se principalmente através dos nervos mediano e ulnar, com o nervo radial contribuindo apenas com uma pequena área de inervação sensitiva na região radial dorsal da mão.

Inervação motora

Nervo mediano
  • Músculos tenares (exceto o adutor do polegar)
  • 2 lumbricóides laterais da mão
Nervo ulnar Músculos restantes, exceto aqueles inervados pelo nervo mediano

Inervação sensitiva

Nervo mediano
  • ⅔ radiais da palma da mão
  • Face palmar do polegar, 2º a 3º dedos e lado radial do 4º dedo
  • Face dorsal das falanges distais do polegar, 2º a 3º dedos e lado radial do 4º dedo
  • Zona sensitiva autónoma: a ponta do dedo indicador
Nervo ulnar
  • ⅓ ulnar da palma da mão
  • Faces palmar e dorsal do 5º dedo e lado ulnar do 4º dedo
  • Zona sensitiva autónoma: a ponta do 5º dedo
Nervo radial
  • ⅔ radiais da face dorsal da mão
  • Face dorsal do polegar, 2º a 3º dedos e lado radial do 4º dedo (exceto as falanges distais)
  • Zona sensitiva autónoma: espaço entre o polegar e o dedo indicador na face dorsal da mão
A inervação da mão

Inervação sensitiva da mão

Imagem por Lecturio.

Relevância Clínica

Os seguintes são problemas comuns associados à mão:

  • Fratura de pugilista: fratura da porção distal do 5º metacarpo. Geralmente devido ao embate num objeto com o punho fechado. Os sintomas incluem dor e depressão na articulação. Suspeita-se deste diagnóstico com base no exame clínico e confirmado por radiografia.
  • Artrite reumatóide: a maioria das doenças reumáticas afeta as articulações das mãos e dos dedos. A proliferação sinovial resulta em erosão do esqueleto, destruição das estruturas ligamentares capsulares e alterações na estrutura e função do tendão. O exame físico da mão apresenta classicamente desvio ulnar e subluxação das articulações metacarpofalângicas (MCF), deformidades em pescoço de cisne dos dedos e deformidade em Z do polegar.
  • Deformidade em pescoço de cisne: caracterizada pela flexão da articulação IFD e hiperextensão da articulação IFP. Associada a artrite reumatóide, trauma e laceração.
  • Deformidade em botoeira: caracterizada pela extensão da articulação IFD e flexão da articulação IFP. Secundária à rutura do deslizamento central do mecanismo extensor sobre a articulação IFP. Associado a trauma (luxação da articulação IFP) e artrite reumatóide.
  • Osteoartrite: um distúrbio degenerativo da cartilagem articular, ossos subcondrais e outras estruturas articulares. A osteoartrite é o tipo mais comum de doença articular e a principal causa de incapacidade em idosos. Os principais fatores de risco são a história familiar, sexo feminino, trauma anterior na articulação envolvida, envelhecimento e obesidade.
    • Nódulos de Heberden (IFD) : geralmente secundários à osteoartrite primária das articulações IFD. Associados a quistos mucosos da articulação IFD e deformidades ungueais. Pode contribuir para contratura e deformidade articular.
    • Nódulos de Bouchard (IFP): protuberâncias ósseas duras ou quistos gelatinosos nas articulações IFP. Menos frequentemente, os nódulos de Bouchard podem ser vistos na artrite reumatóide. Pode contribuir para contratura e deformidade articular.

Referências

  1. Drake, R.L., Vogl, A.W., & Mitchell, A.W.M. (2014). Gray’s Anatomy for Students (3rd ed.). Philadelphia, PA:  Churchill Livingstone.

Aprende mais com a Lecturio:

Complementa o teu estudo da faculdade com o companheiro de estudo tudo-em-um da Lecturio, através de métodos de ensino baseados em evidência.

Estuda onde quiseres

A Lecturio Medical complementa o teu estudo através de métodos de ensino baseados em evidência, vídeos de palestras, perguntas e muito mais – tudo combinado num só lugar e fácil de usar.

User Reviews

Details