Estenose Espinhal

A estenose espinhal é o estreitamento progressivo do canal espinhal central, forame intervertebral e recesso lateral, levando à compressão da raiz nervosa. A estenose espinhal pode ocorrer na coluna cervical, torácica e lombar e é comummente causada pela doença óssea degenerativa (afetando principalmente os idosos). Os pacientes apresentam dor, fraqueza, dormência e formigamento no pescoço ou na parte inferior das costas, que podem irradiar para as pernas e nádegas. O exame clínico mostra melhora dos sintomas com a flexão da coluna e piora dos sintomas com a extensão da coluna. O diagnóstico é confirmado com ressonância magnética. O tratamento conservador inclui medicamentos analgésicos/anti-inflamatórios e fisioterapia. A cirurgia de descompressão (laminectomia) é considerada em casos avançados ou se o tratamento conservador falhar.

Última atualização: Jun 14, 2022

Responsibilidade editorial: Stanley Oiseth, Lindsay Jones, Evelin Maza

Descrição Geral

Definição

  • A estenose espinhal é caracterizada pelo estreitamento progressivo do canal espinhal, buraco intervertebral e recesso lateral.
  • A estenose espinhal causa compressão das raízes nervosas nas regiões cervical, torácica e lombar da coluna.

Epidemiologia

  • Incidência: 5 por 1.000 indivíduos > 50 anos de idade
  • Faixas etárias mais comuns: idade média e idosos
  • Mais comum em mulheres
  • Fatores de risco:
    • Obesidade
    • História familiar
    • Trauma

Etiologia

  • Causas adquiridas:
    • Alterações degenerativas (e.g., espondilose, artrite degenerativa)
    • Trauma
    • Iatrogénico (pós-operatório)
    • Lipoma, cistos sinoviais, cistos neurais e neoplasias
    • Distúrbios sistémicos (e.g., doença de Paget, espondilite anquilosante)
  • Causas congénitas:
    • Aproximadamente 9% dos casos de estenose espinhal
    • Disrafismo espinhal
    • Falha da segmentação
    • Acondroplasia
    • Osteopetrose

Fisiopatologia

  • O estreitamento do canal espinhal e do recesso lateral causa compressão do nervo.
  • Devido ao estreitamento do canal, a compressão da raiz nervosa pode surgir por compressão mecânica direta ou aumento da pressão intratecal.

Apresentação Clínica

  • Dor bilateral (mais frequente na região lombar)
  • Irradiação para as nádegas e/ou pernas
  • Sintomas associados:
    • Cólicas
    • Parestesias
    • Fraqueza muscular
    • Parestesias
  • Sintomas ↓ com a flexão da coluna:
    • Alarga o canal vertebral
    • Exemplos:
      • Sentado
      • Ciclismo
      • Caminhar em subidas
      • Inclinar para frente
  • Sintomas ↑ com extensão espinhal:
    • Estreita o canal espinhal
    • Exemplos:
      • Estar pé
      • Caminhar em descidas

Diagnóstico e Tratamento

Diagnóstico

  • A história detalhada e o exame físico são necessários para localizar o nível da coluna afetada.
  • Imagiologia:
    • RMN: exame de eleição de diagnóstico (TAC é uma alternativa)
    • Raio-X: para avaliar alterações ósseas degenerativas
  • Estudos de condução nervosa: para diferenciar estenose lombar de plexopatia lombossacral e neuropatia periférica generalizada
Estenose espinhal na ressonância magnética

Ressonância magnética (RMN) a demonstrar estenose espinhal extensa:
(A): L1–L2
(B): L2–L3
(C): L3-L4
(D): L4-L5
(E): L5–S1
(F): Imagem sagital ponderada em T2 revela estenose de L1–L2 a L5–S1 (pontas de seta).

Imagem: “Preoperative magnetic resonance images” por Saito K, Miyakoshi N, Hongo M, Kasukawa Y, Ishikawa Y, Shimada Y. Licença: CC BY 2.0

Tratamento

O objetivo do tratamento da estenose espinhal é reduzir os sintomas e aumentar o estado funcional do indivíduo.

Tratamento conservador:

  • Fisioterapia:
    • Destina-se a fortalecer os músculos
    • Técnicas para aumentar a flexão lombar e reduzir a lordose lombar
  • Fármacos:
    • AINEs
    • Injeção epidural de corticosteroides
  • Ortóteses
  • Descanso

Cirurgia:

  • Se falência da terapêutica conservadora
  • Se presença de mielopatia significativa, radiculopatia e/ou claudicação neurogénica
  • A cirurgia realizada mais frequentemente é a laminectomia.

Diagnóstico Diferencial

  • Hérnia discal espinhal: expulsão do núcleo polposo através de uma perfuração no anel fibroso do disco intervertebral. A hérnia discal espinhal é causada mais frequentemente pela doença degenerativa do disco. A apresentação clínica inclui dor, parestesias e, em casos graves, fraqueza muscular e disfunção vesical/intestinal. O diagnóstico é clínico e pode ser confirmado por imagem (ou seja, RMN). Dependendo da gravidade dos sintomas, o tratamento pode ser conservador ou cirúrgico.
  • Radiculite: compressão de uma raiz nervosa que sai da coluna vertebral. A radiculite é causada por uma infeção bacteriana/viral (sobretudo borreliose ou herpes zoster) ou inflamação autoimune/criptogénica. Os indivíduos apresentam dor que irradia do nervo afetado para a medula espinhal sem qualquer fraqueza muscular. Os estudos diagnósticos e o tratamento dependem da etiologia suspeita.
  • Fratura por compressão lombar: pode ocorrer como resultado de trauma ou enfraquecimento patológico do osso. A dor nas costas na linha média é o achado chave da fratura por compressão lombar. O raio-X, a TAC ou a RMN são usados para o diagnóstico. A cirurgia de descompressão é frequentemente realizada associadamente à fisioterapia para providenciar cuidados de longo prazo.
  • Artrite reumatoide: poliartrite inflamatória simétrica e doença autoimune crónica progressiva. A artrite reumatoide ocorre mais frequentemente em mulheres de meia-idade com tumefação nas articulações, dor e rigidez matinal. A doença prolongada e grave pode levar a deformidades irreversíveis das articulações. O diagnóstico é baseado na forte suspeita clínica e confirmado por análises sanguíneas (e.g., fator reumatoide, anticorpos antipeptídeo citrulinado cíclico) e exames de imagem. O tratamento envolve fármacos antirreumáticos modificadores da doença de longo prazo, agentes biológicos e fisioterapia.
  • Osteoartrose: doença articular degenerativa que ocorre mais frequentemente nas mãos, ancas e joelhos. Os indivíduos apresentam dor nas articulações, rigidez com duração < 30 minutos e diminuição da amplitude de movimentos. O exame físico pode revelar crepitações com o movimento articular e nódulos de Heberden/Bouchard. O diagnóstico é confirmado por achados radiográficos articulares. O tratamento inclui medidas conservadoras, fármacos analgésicos, injeções intra-articulares de glicocorticoides e cirurgia na doença avançada.

Referências

  1. Levin, K. (2019). Lumbar spinal stenosis: Pathophysiology, clinical features, and diagnosis. UpToDate. Retrieved August 16, 2021, from https://www.uptodate.com/contents/lumbar-spinal-stenosis-pathophysiology-clinical-features-and-diagnosis
  2. Raja, A., Hoang, S., Patel, P., Mesfin, F. B. (2021). Spinal Stenosis. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK441989/
  3. Lee, B. H., Moon, S. H., Suk, K. S., Kim, H. S., Yang, J. H. (2020). Lumbar Spinal Stenosis: Pathophysiology and Treatment Principle: A Narrative Review. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7595829/
  4. Wu, L., Cruz, R. (2020). Lumbar Spinal Stenosis. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK531493/
  5. Katz, J. N., & Harris, M. B. (2008). Clinical practice. Lumbar spinal stenosis. The New England journal of medicine. 358(8), 818–825. https://doi.org/10.1056/NEJMcp0708097

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