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Deficiência Seletiva de IgA

A deficiência seletiva de imunoglobulina A (IgA) é o tipo mais comum de imunodeficiência primária. A condição é uma hipogamaglobulinemia caracterizada por uma ausência ou níveis reduzidos de IgA. Este anticorpo reside principalmente nas membranas mucosas da boca, vias aéreas e trato digestivo. A causa exata é desconhecida. A doença geralmente é assintomática, embora alguns doentes possam apresentar infeções respiratórias e gastrointestinais recorrentes, bem como doenças autoimunes e malignas. O diagnóstico é realizado através da medição de níveis excecionalmente baixos de IgA no soro, na presença de níveis normais de IgG e IgM.

Última atualização: Oct 19, 2022

Responsibilidade editorial: Stanley Oiseth, Lindsay Jones, Evelin Maza

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Epidemiologia e Fisiopatologia

Epidemiologia

  • 1 em 100 1.000 pessoas têm deficiência seletiva de IgA em todo o mundo
  • Mais comum em caucasianos
  • Mais comum em homens do que mulheres
  • Mais comum em doentes com doenças autoimunes, como a doença celíaca e a diabetes mellitus tipo 1

Etiologia

  • A causa exata é desconhecida.
  • A maioria dos casos é esporádico, mas os tipos hereditários têm sido associados aos cromossomas 6 e 17 com um padrão de hereditariedade autossómico dominante e recessivo.
  • A deficiência de IgA também é observada na ataxia-telangiectasia, juntamente com a degeneração cerebelar, problemas de movimento e coordenação e aumento do risco de alguns tipos de neoplasias.
  • Alguns casos de deficiência de IgA foram associados a agentes indutores:
    • Fármacos:
      • Medicamentos antirreumáticos (e.g., sulfassalazina, D penicilamina, ciclosporina)
      • Medicamentos anticonvulsivantes (e.g., fenitoina, ácido valproico)
      • Tiroxina
      • Captopril
      • Levamisol
    • Infeções (causam deficiência transitória de IgA):
      • Citomegalovírus
      • Rubéola
      • Toxoplasmose
      • Vírus de Epstein Barr

Fisiopatologia

  • Associada a um defeito intrínseco de linfócitos B, alterações de células T e comprometimento de redes de citocinas
  • As células B não conseguem maturar completamente em plasmócitos secretores de IgA.
  • Foram relatados defeitos nas seguintes citocinas: IL-4, IL-6, IL-7, IL-10 e IL-21
  • A incapacidade hereditária de produzir imunoglobulina A (IgA) ocorre principalmente nas superfícies mucosas dos tratos respiratório e gastrointestinal (GI), levando a infeções bacterianas frequentes nesses sistemas orgânicos.
  • Associada a doenças autoimunes em 5% 30% dos casos
Estrutura dimérica do anticorpo iga

Estrutura dimérica do anticorpo IgA

Imagem por Lecturio.

Apresentação Clínica

Aproximadamente 90% dos casos são assintomáticos.

Doentes sintomáticos podem apresentar uma mistura dos seguintes sintomas:

  • Infeções pulmonares recorrentes:
    • A primeira apresentação em 40% 90% dos doentes sintomáticos
    • Geralmente causada por bactérias encapsuladas extracelulares
      • Haemophilus influenzae
      • Streptococcus pneumoniae
  • Condições gastrointestinais:
    • Menos comum do que infeções pulmonares, porque a IgM pode compensar de forma mais eficaz a ausência de IgA no trato GI
    • Giardíase (suscetibilidade aumentada devido a uma barreira mucosa GI defeituosa)
    • Doença de Crohn
    • Hiperplasia linfoide nodular (HLN)
    • Colite ulcerosa
  • Alergias:
    • Causadas por níveis elevados de IgE compensatórios
    • Conjuntivite
    • Rinite
    • Urticária
    • Eczema
    • Alergia alimentar
  • Doenças autoimunes:
    • Doença celíaca
    • Lúpus eritematoso sistémico
    • Artrite reumatoide
    • Tiroidite
    • Diabetes mellitus tipo 1
    • Doença de Graves
    • Anemia hemolítica autoimune
  • Maior incidência de neoplasias:
    • Adenocarcinoma gástrico
    • Linfoma de células B
    • Cancro colorretal
    • Cancro do ovário
    • Melanoma

Diagnóstico e Tratamento

Diagnóstico

  • Confirmado por medição laboratorial de IgA < 7 mg/dL com IgG e IgM séricas normais (em pelo menos 2 medições) num doente > 4 anos de idade
  • Devem ser excluídas causas secundárias de hipogamaglobulinemia, com uma resposta normal de anticorpos IgG a todas as vacinações e exclusão de defeitos nas células T.

Tratamento

  • Terapêutica sintomática:
    • Fármacos anti-inflamatórios e anti-histamínicos para sintomas de alergia
    • Antibióticos profiláticos e/ou direcionados a infeções recorrentes
  • Administração da vacina pneumocócica
  • A terapêutica de reposição de imunoglobulina (IVIG, pela sigla em inglês) não é recomendada devido ao risco de reações anafiláticas!

Diagnóstico Diferencial

As condições a seguir são outras imunodeficiências congénitas de células B que servem como diagnósticos diferenciais na deficiência seletiva de IgA.

  • Agamaglobulinemia ligada ao X: também conhecida como agamaglobulinemia de Bruton. Distúrbio genético recessivo caracterizado pelo desenvolvimento inadequado de células B, de células imaturas para células maduras. Resulta numa ausência completa ou quase completa de todos os anticorpos. Mais comum em homens do que em mulheres, a agamaglobulinemia ligada ao cromossoma X apresenta-se com infeções bacterianas recorrentes após os primeiros meses de vida.
  • Imunodeficiência comum variável (ICV): tipo de imunodeficiência primária caracterizada por níveis séricos reduzidos de imunoglobulinas IgG, IgA e IgM. As causas subjacentes são desconhecidas. Doentes com esta condição são propensos a infeções no trato GI e nos tratos respiratórios superior e inferior e têm maior risco de desenvolver doenças autoimunes, granulomatosas e neoplásicas.
  • Ataxia-telangiectasia: doença rara, autossómica recessiva, caracterizada pela associação de imunodeficiência combinada severa, desenvolvimento tumoral e alterações neurológicas. Apresenta-se como ataxia da marcha, apraxia, movimentos anormais, telangiectasia, infeções pulmonares recorrentes e maior risco de linfoma, leucemia e carcinoma gástrico.
  • Imunodeficiência combinada severa (SCID, pela sigla em inglês): forma mais grave de imunodeficiência primária. A imunodeficiência combinada severa é um distúrbio genético que resulta numa resposta defeituosa dos anticorpos, devido ao envolvimento direto de linfócitos B ou por ativação inadequada de linfócitos B devido a células T auxiliares não funcionais. Apresenta-se com infeções oportunistas graves e recorrentes e é diagnosticada através de testes quantitativos de reação em cadeia de polimerase (PCR, pela sigla em inglês) e citometria de fluxo.
  • Síndrome de hiper IgM: distúrbio causado por uma mutação ligada ao X no gene ligante CD40, que resulta numa sinalização alterada entre os linfócitos B e T. A apresentação é leve e muitas vezes só se apresenta mais tarde na vida através infeções oportunistas e desregulação imunológica de eosinófilos IgE, células B, células NK e proliferação e ativação de células T CD8+.

Referências

  1. Le, T., & Bhushan, V. (2020). First Aid for the USMLE Step 1 (30th anniversary edition) (P. 116). New York: McGraw-Hill Medical.
  2. Kumar, V., Abbas, A. K., Aster, J. C., & Robbins, S. L. (2013). Robbins basic pathology (P. 141). Philadelphia, PA: Elsevier/Saunders.
  3. Genetic and Rare Diseases Information Center. Selective IgA deficiency. National Center for Advancing Translational Sciences; rarediseases.info.nih. Retrieved August 18, 2020, from https://rarediseases.info.nih.gov/diseases/10197/selective-iga-deficiency
  4. Mayo Clinic (2020). Selective IgA deficiency. https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/selective-iga-deficiency/diagnosis-treatment/drc-20450490

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