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Abordagem da Via Aérea

A avaliação da via aérea, respiração e circulação (ABC) é fulcral na avaliação e tratamento de indivíduos criticamente doentes. A avaliação da via aérea ajuda a identificar indivíduos com possível obstrução da via aérea, que podem beneficiar de intervenções terapêuticas da via aérea, garantindo ventilação e oxigenação adequadas. As medidas para aliviar e prevenir a obstrução dos tecidos moles num indivíduo inconsciente podem incluir manobras especiais de posicionamento, bem como adjuvantes da via aérea (como tubos orofaríngeos ou nasofaríngeos). Ao aliviar a obstrução, a respiração assistida com balão-válvula-máscara é mais eficaz. A intubação endotraqueal permite, de forma mais definitiva, garantir a permeabilidade e a proteção da via aérea.

Última atualização: Jul 5, 2022

Responsibilidade editorial: Stanley Oiseth, Lindsay Jones, Evelin Maza

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Avaliação da Via Aérea

A avaliação da via aérea, respiração e circulação é essencial na abordagem terapêutica de pacientes críticos.

  • A obstrução da via aérea pode ser funcional (por exemplo, paciente inconsciente) ou mecânica (por exemplo, corpo estranho).
  • Muitas condições podem causar obstrução da via aérea:
    • Congénitas/genéticas:
      • Amígdalas e/ou adenoides aumentados
      • Macroglossia
      • Micrognatia
    • Infeciosas:
      • Amigdalite
      • Abcesso periamigdalino
      • Abcesso pré-traqueal
      • Abcesso retrofaríngeo
      • Epiglotite
      • Laringite
      • Angina de Ludwig
    • Médicas:
      • Fibrose quística
      • Angioedema
      • Laringoespasmo
      • Condições inflamatórias
      • Relaxamento dos músculos da via aérea
    • Trauma:
      • Traumatismo laríngeo
      • Inalação de fumo
      • Lesão termal
      • Hemorragia
      • Corpo estranho
    • Massas:
      • Neoplasia
      • Hematoma

Permeabilidade da via aérea

A visualização da via aérea e a observação do paciente podem ajudar a aferir a presença de:

Via aérea permeável:

  • Ausência de obstrução
  • Capaz de falar com clareza e deglute normalmente
  • Ausência de ruídos anormais da via aérea
  • Capaz de remover secreções

Via aérea parcialmente obstruída:

  • A obstrução está presente, mas existe passagem de algum ar.
  • Os sinais ou sintomas incluem:
    • Sons respiratórios anormais
      • Roncos
      • Sibilos ou estridor
      • Ruídos borbulhantes
      • Tosse
    • Aumento do esforço respiratório
      • Aumento da frequência respiratória
      • Uso de músculos acessórios/abdominais
      • Incapacidade de completar frases
    • Hipóxia e/ou hipercapnia → ansiedade, fraqueza, fadiga, dor torácica, dispneia

Obstrução completa:

  • A obstrução está presente, sem passagem de qualquer ar.
  • Incapaz de falar, tossir ou limpar a garganta
  • Movimentos paradoxais do tórax e do abdómen
  • Retração de músculos acessórios
  • Ausência de sons respiratórios (“tórax silencioso”)
  • Hipóxia significativa → alteração do estado mental, confusão, obnubilação ou coma

Esforço respiratório

Determinar se um indivíduo respira é também útil na orientação das opções de tratamento.

  • Respiração espontânea:
    • Os indivíduos podem estar conscientes ou inconscientes.
    • A adequação do esforço respiratório pode ser avaliada observando:
      • Frequência respiratória
      • Profundidade da respiração
      • Padrão respiratório
  • Paragem respiratória: cessação completa da respiração

Manobras de Abertura da Via Aérea

Nota: durante a atual pandemia de COVID-19, e especialmente em áreas com elevada prevalência da doença, recomenda-se medidas de segurança apropriadas para proteção contra a inalação de partículas virais em aerossol que possam ser produzidas pela manipulação da via aérea; isto é particularmente verdade para a intubação endotraqueal.

Manobras para pacientes com respiração espontânea

Indivíduos inconscientes com respiração espontânea e via aérea permeável podem ser colocados numa posição de recuperação (também conhecida como semi-pronação ou decúbito lateral). Esta é, geralmente, usada em ambiente pré-hospitalar.

  • Objetivo:
    • Evitar a obstrução da via aérea pela língua ou tecidos moles relaxados
    • Evitar a aspiração
  • Procedimento:
    • Virar cuidadosamente o indivíduo para o lado esquerdo.
    • Bloquear o braço e as pernas para estabilizar o indivíduo.
    • Elevar o queixo para manter a permeabilização da epiglote.
  • Não executar se possibilidade de lesão da coluna cervical.
  • Monitorizar continuamente o padrão respiratório e usar um oxímetro de pulso (quando disponível).
Pulso carotídeo e posição de recuperação

Indivíduo na posição de recuperação

Imagem: “Checking carotidian pulse in recoversy position (simulated car accident)” por Michal Maňas. Licença: Public Domain

Manobras para obstrução da via aérea

Estas manobras são tipicamente realizadas em indivíduos inconscientes com evidência de obstrução das vias aéreas superiores (língua a causar oclusão da glote).

Manobra de inclinação da cabeça/elevação do queixo:

  • Objetivo: eleva a língua e alinha a cavidade oral com o trajeto da faringe e da laringe → alivia a obstrução das vias aéreas superiores por tecidos moles
  • Procedimento:
    • Colocar o indivíduo em decúbito dorsal.
    • Elevar a cabeça e inclinar posteriormente em 10‒25 graus.
    • Usar os primeiros 2 dedos para elevar o queixo.
    • Com o polegar da mesma mão, pressionar cuidadosamente o lábio inferior para abrir a boca.
  • Contraindicada se houver suspeita de lesão da coluna cervical

Manobra de protusão da mandíbula:

  • Objetivo: deslocar a mandíbula e a língua anteriormente para aliviar a obstrução das vias aéreas superiores por tecidos moles
  • Pode ser usada em indivíduos com possível lesão da coluna cervical
  • Procedimento:
    • Colocar o indivíduo em decúbito dorsal.
    • Colocar os dedos em ambos os ângulos da mandíbula, com as palmas das mãos apoiadas em cada bochecha.
    • Deslocar a mandíbula anteriormente.
    • Usar o polegar para abrir a boca aplicando uma ligeira pressão sob os lábios.
Manobra de arremesso de mandíbula

Manobra de protusão da mandíbula:
A mandíbula é deslocada anteriormente para aliviar uma obstrução das vias aéreas superiores.

Imagem: “Jaw thrust maneuver” por Another-anon-artist-234. Licença: Public Domain

Adjuvantes de Via Aérea

Os adjuvantes de via aérea são dispositivos usados para melhorar e manter uma via aérea aberta. Estes podem ainda auxiliar na otimização da ventilação balão-válvula-máscara. Estes dispositivos são usados em:

  • Indivíduos inconscientes com respiração espontânea
  • Obstrução das vias aéreas superiores por tecidos moles

Tubo orofaríngeo

  • Um dispositivo rígido e curvo é inserido na boca (com o lado curvo voltado para cima ou lateralmente).
  • Evita que a língua obstrua as vias aéreas
  • O tamanho é escolhido com base na distância da comissura labial ao lóbulo da orelha.
  • Evitar em casos de trauma oral.
  • Não deve ser usado em indivíduos com reflexo de vómito.

Tubo nasofaríngeo

  • Tubo longo inserido na nasofaringe pelo nariz
  • Deve ser lubrificado e inserido cuidadosa e lentamente através da narina mais larga.
  • Evitar em casos de fraturas faciais.
  • Pode ser usado em indivíduos com reflexo do vómito.

Ventilação com Insuflador Manual (Balão-Válvula-Máscara)

Indicações

Técnica para fornecer respirações assistidas e oxigénio em casos de:

  • Ventilação de resgate
    • Apneia
    • Insuficiência respiratória
  • PCR
  • Ponte para a intubação

Requisitos

  • Via aérea permeável, que pode ser estabelecida através de:
    • Posição adequada:
      • Decúbito dorsal
      • Elevação e inclinação da cabeça, dispondo-se paralela ao leito aquando da flexão do pescoço (posição olfativa ou sniffing position)
      • Manobras de abertura da via aérea
    • Adjuvantes da via aérea
  • Selamento adequado da máscara

Procedimento

  • Idealmente, o reanimador está à cabeceira do paciente.
  • Com o 3º, 4º e 5º dedos formando um E, a mandíbula é elevada.
  • Usando a mesma mão (dedo indicador e polegar), fazer um C para comprimir a máscara na face, garantindo um selamento firme.
  • O nariz e a boca devem ser cobertos pela máscara.
  • Usar a outra mão para apertar o balão para providenciar as respirações; apertar cuidadosa e lentamente (por mais de 1 segundo).
  • Permitir que o balão retraia completamente antes de fornecer outra respiração, pretendendo uma frequência respiratória de 10 a 12 respirações/min (1 respiração a cada 5 a 6 segundos).
  • Procurar observar a elevação do tórax e a manutenção da saturação de oxigénio (se o indivíduo estiver conectado a um oxímetro de pulso).
Operação de ressuscitador (psf)

Representação esquemática da ventilação com insuflador manual (balão-válvula-máscara):
Segurar a máscara na face do indivíduo enquanto eleva a mandíbula. Usar a outra mão para fornecer respirações, apertando o balão.

Imagem: “ Operation of bag valve mask” por Pearson Scott Foresman. Licença: Public Domain

Via Aérea Avançada

Dispositivo de via aérea supraglótico

  • Dispositivos usados para manter temporariamente uma via aérea permeável acima da glote:
    • Máscara laríngea (ML)
    • Tubo laríngeo (TL)
  • Indicações:
    • Insuficiência ou paragem respiratória:
      • Assegura rapidamente a via aérea em contexto pré-hospitalar ou enquanto se aguarda a chegada de profissionais treinados para intubação
      • Pode ser usado se a intubação não for bem sucedida
    • Para certos casos eletivos de anestesia de curta duração
  • Contraindicações:
    • Não deve ser usado em pacientes conscientes (reflexo do vómito intacto)
    • Obstrução das vias aéreas superiores que não pode ser contornada
  • Limitações:
    • Não deve ser usado como uma via aérea “definitiva”
    • Não protege contra a aspiração
  • Procedimento:
    • Selecionar o tamanho adequado(o tamanho adulto médio é #4).
    • Insuflar o cuff para garantir a ausência de fugas de ar, e depois esvaziá-lo.
    • Colocar o indivíduo em decúbito dorsal com o queixo elevado (posição olfativa).
    • Lubrificar o cuff e inseri-lo cuidadosamente (o lado do cuff em primeiro).
    • Parar de inserir assim que alcançar a base da língua (é sentida uma resistência).
    • Insuflar o cuff.
    • Ventilar usando um balão ligado ao tubo.
    • Confirmar o posicionamento correto (sons respiratórios iguais bilateralmente e boa elevação do tórax).
Máscara laríngea

Máscara laríngea (ML):
O cuff é a porção larga, bege, inserida na região supraglótica.

Imagem: “Laryngeal mask” por Chrisjw37. Licença: CC BY 3.0

Intubação endotraqueal

  • Via aérea definitiva com utilização de um tubo endotraqueal (ET)
  • Utilizada em situações de emergência por profissionais treinados (pois requer o uso de fármacos, bem como monitorização)
  • Pode ser realizada em contexto pré-hospitalar
  • Indicações:
    • Insuficiência ou paragem respiratória
    • Obstrução parcial ou completa
    • Incapacidade de proteção da via aérea
    • Comprometimento iminente da via aérea
  • Contraindicações:
    • Distorção da anatomia das vias aéreas superiores
    • Obstrução completa das vias aéreas superiores que não pode ser contornada com segurança
  • Procedimento:
    • Pré-oxigenar com 100% de oxigénio, visando uma SpO2 de 100% (geralmente por 3 minutos)
    • Fármacos:
      • Sedação (e.g., propofol)
      • Bloqueio neuromuscular (e.g., succinilcolina)
    • Selecionar o comprimento adequado (homens: 8–9 mm; mulheres: 7–8 mm).
    • Insuflar o cuff para garantir a ausência de fugas de ar, e depois esvaziá-lo.
    • Escolher um modo de visualização:
      • Laringoscopia
      • Videolaringoscopia
    • Colocar o indivíduo em decúbito dorsal com a cabeça em extensão
    • Abrir cuidadosamente a boca.
    • Com o laringoscópio na mão esquerda, inserir a lâmina no lado direito da boca do indivíduo (isto empurra a língua para a esquerda para uma melhor visualização)
    • Deslizar a lâmina até que se veja a epiglote
    • Elevar a epiglote com a lâmina do laringoscópio para visualizar as cordas vocais.
    • Para expor a laringe, puxar o cabo a 90º em relação à lâmina (puxar para trás pode resultar na fratura dos incisivos centrais).
    • Avançar a lâmina, mas evitar uma inserção demasiado profunda
    • Inserir o tubo ET além das cordas vocais e insuflar.
    • Colocar fita adesiva e prender o tubo ET.
    • Acoplar o tubo ET ao balão ou ao ventilador.
  • Confirmar o posicionamento correto:
    • Certificar, à auscultação, a presença de sons respiratórios simétricos e ausência de gás no estômago
    • Monitorizar o dióxido de carbono ao final da expiração (ETCO2) (gold standard)
    • Radiografia de tórax pós-intubação → aproximadamente 2‒5 cm acima da carina

Referências

  1. Mouri, M.I., Krishnan, S., Maani, C.V. (2021). Airway assessment. StatPearls. Retrieved December 4, 2021, from https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK470477/
  2. Avva, U., Lata, J.M., Kiel, J. (2021). Airway management. StatPearls. Retrieved December 4, 2021, from https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK470403/
  3. ​​Simon, L.V., Torp, K.D. (2021). Laryngeal Mask Airway. StatPearls. Retrieved December 5, 2021, from https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK482184/
  4. Alvarado, A.C., Panakos, P. (2021). Endotracheal tube intubation techniques. StatPearls. Retrieved December 5, 2021, from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK560730/
  5. Brown, III, C.A. (2020). Approach to advanced emergency airway management in adults. UpToDate. Retrieved December 12, 2021, from https://www.uptodate.com/contents/approach-to-advanced-emergency-airway-management-in-adults
  6. Wittels, K.A. (2021). Basic airway management in adults. UpToDate. Retrieved December 12, 2021, from https://www.uptodate.com/contents/basic-airway-management-in-adults
  7. Habrat, D. (2021). How to do head tilt-chin lift and jaw-thrust maneuvers. [online] MSD Manual Professional Version. Retrieved December 12, 2021, from https://www.merckmanuals.com/professional/critical-care-medicine/how-to-do-basic-airway-procedures/how-to-do-head-tilt-chin-lift-and-jaw-thrust-maneuvers
  8. Habrat, D. (2021). How to do bag-valve-mask (BVM) ventilation. Merck Manual Professional Version. Retrieved December 12, 2021, from https://www.merckmanuals.com/professional/critical-care-medicine/how-to-do-basic-airway-procedures/how-to-do-bag-valve-mask-bvm-ventilation
  9. Chappell, B. (2021). How to insert a laryngeal mask airway. Merck Manual Professional Version. Retrieved December 12, 2021, from https://www.merckmanuals.com/professional/critical-care-medicine/how-to-do-other-airway-procedures/how-to-insert-a-laryngeal-mask-airway?query=supraglottic%20airway
  10. Habrat, D. (2021). How to insert a nasopharyngeal airway. Merck Manual Professional Version. Retrieved December 12, 2021, from https://www.merckmanuals.com/professional/critical-care-medicine/how-to-do-basic-airway-procedures/how-to-insert-a-nasopharyngeal-airway
  11. Habrat, D. (2021). How to insert an oropharyngeal airway. Merck Manual Professional Version. Retrieved December 12, 2021, from https://www.msdmanuals.com/en-au/professional/critical-care-medicine/how-to-do-basic-airway-procedures/how-to-insert-an-oropharyngeal-airway
  12. Tintinalli, J.E., Stapczynski, J.S., Stephan, J., et al. (2015). Noninvasive Airway Management and Intubation and Mechanical Ventilation. In Tintinalli’s Emergency Medicine: A Comprehensive Study Guide, 8th ed., pp 782-861.

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