Perturbação de Jogo

A perturbação de jogo é um comportamento de jogo crónico, recorrente e mal-adaptativo que leva a impacto na vida social ou pessoal. Esta perturbação encaixa-se nas perturbações aditivas devido a uma forte compulsão para jogar e aos efeitos de tolerância e abstinência que são semelhantes à perturbação do uso de substâncias. A perturbação de jogo diferencia-se do jogo não patológico pelo nível de risco tolerado pelo jogador. O tratamento pode ser através de psicoterapia ou fármacos. O prognóstico geralmente é mau, com altas taxas de recidiva e complicações.

Última atualização: Jun 23, 2022

Responsibilidade editorial: Stanley Oiseth, Lindsay Jones, Evelin Maza

Descrição Geral

Definição

  • Perturbação de Jogo
    • Caracterizada por um comportamento de apostas repetido
    • Pode ter um impacto negativo nas finanças, profissão, vida pessoal ou outros relacionamentos da pessoa.
    • Sobretudo uma condição crónica
    • Alto risco de recidiva
  • Jogo: risco de perder alguma coisa (por exemplo, dinheiro ou propriedades) pela possibilidade de ganhar alguma coisa com um valor superior

O jogo é definido como o processo de colocar algo de valor em risco com a esperança de ganhar algo de ainda maior valor.

Epidemiologia

  • A prevalência ao longo da vida na população em geral está entre 0,4% e 1%.
  • Mais comum nos homens
  • <10% dos jogadores adultos desenvolvem perturbação de jogo.
  • Incidência aumentada nos indivíduos com história familiar de perturbações psiquiátricas

Fisiopatologia

  • Acredita-se que os comportamentos impulsivos e de risco advenham de problemas com o funcionamento neurocognitivo no circuito frontostriatal.
  • Em comparação com controlos saudáveis, os pacientes com perturbação do jogo apresentam défices na:
    • Inibição
    • Planeamento
    • Gestão de tempo
  • Os exames de neuroimagem mostram diminuição da atividade no estriado ventral e no córtex pré-frontal ventromedial / ventrolateral durante os eventos de recompensa.

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Diagnóstico

Critérios de diagnóstico clínicos:

  • O comportamento problemático de jogo persistente e recorrente tem um impacto com sofrimento clinicamente evidente.
  • Critérios:
    • Preocupação e pensamento constante sobre o jogo
    • Tem o desejo de jogar com dinheiro extra para aumentar o entusiasmo
    • Falha em controlar ou em parar de jogar
    • Ao diminuir o jogo, torna-se inquieto ou irritado
    • Joga como forma de escape aos problemas
    • Joga mesmo após perder dinheiro (“caça”)
    • Mente para esconder a gravidade do jogo
    • Impacto significativo na vida profissional e pessoal
    • Pede dinheiro a outras pessoas para aliviar uma situação financeira urgente
  • Devem excluir-se características de humor maníaco.
  • Dura pelo menos 12 meses

Tratamento

Psicoterapia

  • 1ª linha: terapia cognitiva comportamental (TCC)
  • Objetivos:
    • Enfatizar a psicoeducação.
    • Identificar o desejo de jogar.
    • Criar outras atividades para atenuar os triggers.
  • Alternativa: terapia de grupo com um programa de 12 etapas (Jogadores Anónimos)

Farmacoterapia

Os antagonistas dos opióides (naltrexona) são frequentemente utilizados.

  • Mecanismo de ação: pensa-se que influencie a via mesolímbica
  • Os estudos evidenciaram uma redução do desejo e do comportamento de jogo.

Diagnóstico Diferencial

  • Perturbação bipolar: doença psiquiátrica altamente recorrente caracterizada por períodos flutuantes de características maníacas / hipomaníacas (distração, impulsividade, aumento da atividade, diminuição do sono, verborreia, grandiosidade, fuga de ideias) e sintomas depressivos. O tratamento inclui fármacos estabilizadores do humor, como o lítio, anticonvulsivantes e antipsicóticos. A perda de julgamento e o jogo são características comuns num episódio maníaco. A anamnese cuidada deve descartar a perturbação bipolar como doença subjacente ao comportamento de jogo.
  • Jogo não patológico: quando um paciente não cumpre os critérios para o diagnóstico ou então participa em jogos de forma profissional, ou social. Esse tipo de jogo geralmente tem um risco reduzido ou aceitável em comparação quando comparado com o risco presente na perturbação de jogo.

Referências

  1. Sadock BJ, Sadock VA, & Ruiz P. (2014). Kaplan and Sadock’s synopsis of psychiatry: Behavioral sciences/clinical psychiatry (11th ed.), Chapter 20, Substance use and addictive disorders, pages 690-693. Philadelphia, PA: Lippincott Williams and Wilkins.
  2. Leppink, E. (2017). Gambling disorder and related behavioral addictions. DeckerMed Medicine.

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