As purinas e pirimidinas são compostos aromáticos heterocíclicos que, juntamente com os grupos açúcar e fosfato, formam os componentes importantes dos nucleotídeos. As purinas incluem a adenina e a guanina, enquanto que as pirimidinas incluem a timina (no ADN), o uracilo (no RNA) e a citosina. A síntese de nucleotídeos de purina segue uma série de reações que utilizam dadores de carbono, aminoácidos (e.g., glutamina, aspartato) e bicarbonato. A via de novo gera monofosfato de inosina (IMP, pela sigla em inglês), que é o precursor do monofosfato de adenosina (AMP, pela sigla em inglês) e monofosfato de guanosina (GMP, pela sigla em inglês). A síntese de purinas é regulada na 1ª e na 2ª etapa. A síntese de nucleotídeos de pirimidina também inclui diferentes reações, produzindo monofosfato de uridina (UMP, pela sigla em inglês), que é convertido em trifosfato de uridina (UTP, pela sigla em inglês) e trifosfato de citidina (CTP, pela sigla em inglês). Para a formação de timina, uma parte dos desoxirribonucleotídeos, a ribonucleosídeo redutase é necessária para reduzir a porção ribose. A degradação dos nucleotídeos resulta, no caso das purinas, em xantina e depois na produção de ácido úrico, enquanto que a degradação das pirimidinas produzem os aminoácidos β-alanina e β-aminobutirato.
Uma ligação beta-N-glicosídica une o primeiro carbono da pentose e o N9 de uma purina ou o N1 de uma pirimidina (e.g., adenosina, guanosina, citidina, timidina, uridina, inosina).
Nucleotídeos: 3 componentes principais:
Base nitrogenada
Pentose
Grupos de fosfato (número variável)
Estas moléculas formam o esqueleto do ADN (e.g., monofosfato de adenosina, monofosfato de guanosina, monofosfato de citidina)
> 1 grupo de fosfato:
A esterificação dos grupos fosfato forma os nucleosídeos difosfatados e trifosfatados correspondentes (e.g., trifosfato de adenosina (ATP, pela sigla em inglês), difosfato de adenosina (ADP, pela sigla em inglês)).
Ácido nucleico:
Polímero de nucleotídeos (e.g., ácido ribonucleico (ARN)).
Estrutura das purinas adenina e guanina
Imagem: “123” por Kevin Ahern. Licença: Public Domain, cortada por Lecturio.
Nucleotídeos de pirimidina e as suas estruturas
Imagem: “123” por Kevin Ahern. Licença: Public Domain, cortada por Lecturio.
Componentes que constroem um nucleotídeo
Imagem: “123” por Kevin Ahern. Licença: Public Domain, cortada por Lecturio.
Mnemónicas
NucleoSide: base + Sugar (NucleoSídeo: base + “Açúcar“)
NucleoTide: base + sugar + phosphaTe (NucleoTídeo: base + açúcar + fosfaTo)
Importância biomédica
As principais funções dos nucleotídeos:
Formam os blocos de construção dos ácidos nucleicos
Atuam como cosubstratos e coenzimas em reações bioquímicas
Envolvidos em vias de sinalização celular e atuam, também, como segundos mensageiros intracelulares
Fornecem energia química na forma de trifosfatos de nucleosídeos, como o ATP (energia em reações como a síntese de aminoácidos, proteínas e membranas celulares)
Síntese de Purinas
Construção da estrutura (síntese de novo)
Os nucleotídeos são formados a partir de moléculas simples: aminoácidos (e.g., glutamina), dadores de carbono (e.g., tetrahidrofolato de formil) e bicarbonato.
A síntese de nucleotídeos de purina é um processo de multirreação que começa com a conversão da ribose-5-fosfato em 5-fosforribosil-1-pirofosfato (PRPP, pela sigla em inglês).
O principal local de síntese é o fígado (intracitoplasmático).
Fontes de átomos para a síntese de purinas THF: tetrahidrofolato
Imagem por Lecturio.
Etapa 1
Síntese de PRPP
A PRPP é o substrato para a síntese de purinas.
A ribose-5-fosfato é convertida em PRPP, com fosfatos provenientes do ATP (reação que produz AMP).
Correlação clínica: hiperatividade da PRPP: distúrbio ligado ao X associado à sobreprodução de nucleotídeos, manifestando-se com ↑ ácido úrico e anomalias do neurodesenvolvimento
Síntese de fosforribosil pirofosfato (PRPP, pela sigla em inglês): A ribose-5-fosfato (R5P, pela sigla em inglês) é convertida em PRPP. Os fosfatos vêm do ATP e produzem posteriormente AMP. A enzima para a conversão é a PRPP sintetase.
Imagem por Lecturio.
Etapa 2
Formação de 5-fosforribosilamina (PRA, pela sigla em inglês)
PRPP + glutamina → PRA
O grupo pirofosfato do PRPP é libertado nesta reação.
Etapa limitante da taxa de síntese
Enzima: amidofosforibosiltransferase
A enzima é inibida por:
AMP
Monofosfato de guanosina (GMP, pela sigla em inglês)
Monofosfato de inosina (IMP, pela sigla em inglês)
Etapa 3
Conversão de 5-fosforibosilamina em ribonucleotídeo de glicinamida (GAR, pela sigla em inglês)
As etapas subsequentes são complementos para formar um anel de 5 ou 6 membros.
A glicina é adicionada ao PRA para formar GAR.
A glicina contribui com o C4, C5 e N7.
Enzima: GAR sintetase (GARS)/fosforribosilamina glicina ligase
Etapa 4
Formilação de GAR em ribonucleotídeo de formilglicinamida (FGAR, pela sigla em inglês)
O formiltetrahidrofolato formila o grupo amina do GAR para formar FGAR, contribuindo com o C8 da purina.
Enzima: GAR transformilase/fosforribosil glicinamida formiltransferase
Etapa 5
Conversão da FGAR em ribonucleotídeo de formilglicinamidina (FGAM, pela sigla em inglês)
Nesta reação, dependente da adenosina trifosfato (ATP, pela sigla em inglês), a glutamina doa o N3, formando FGAM.
Formilação para formar ribonucleotídeo 5-formaminoimidazol-4-carboxamida (FAICAR, pela sigla em inglês)
A formilação ocorre por reação entre o grupo amina do AICAR e o N10-formil tetrahidrofolato para formar FAICAR.
O C2 do anel de purina é uma contribuição do N10-formil tetrahidrofolato.
Enzima: AICAR transformilase
Etapa 11
Ciclização para formar IMP
O monofosfato de inosina é formado pelo fecho enzimático do anel maior do FAICAR, com a libertação de água.
O monofosfato de inosina é o precursor do AMP e do GMP.
Enzima: IMP ciclohidrolase
Tabela: Resumo da síntese de purinas de novo
Etapa
Reação
Átomo adicionado
Enzima
Produtos
1
Ribose-5-fosfato → PRPP
Fosfato (a partir de ATP)
PRPP sintetase
PRPP
2
PRPP + glutamina → 5-fosforribosilamina
N9 (da glutamina)
Amidofosforribosiltransferase
PRA
3
Conversão de PRA em GAR
C4, C5, N7 (de glicina)
GAR sintetase
GAR
4
Formilação de GAR a FGAR
C8 (de formil THF)
GAR transformilase
FGAR
5
Conversão de FGAR em FGAM
N3 (da glutamina)
FGAM sintetase
FGAM
6
Fecho do anel, formando AIR
AIR sintetase
AR
7
Carboxilação do AIR
C6 (a partir do bicarbonato)
AIR carboxilase
AICAR
8
Formação da SAICAR
N1 (de aspartato)
SAICAR sintetase
SAICAR
9
Fumarato removido
AICAR formado
Adenilosuccinato liase
AICAR
10
FAICAR formado
C2 (a partir do formil-THF)
AICAR transformilase
FAICAR
11
IMP formado
IMP ciclohidrolase
IMP
AICAR, pela sigla em inglês: ribonucleotídeo 5-aminoimidazol-4-carboxamida
AIR, pela sigla em inglês: ribonucleotídeo de 5-aminoimidazol
FGAM, pela sigla em inglês: ribonucleotídeo de formilglicinamidina
FGAR, pela sigla em inglês: ribonucleotídeo formilglicinamida
GAR, pela sigla em inglês: ribonucleotídeo de glicinamida
IMP, pela sigla em inglês: monofosfato de inosina
PRPP, pela sigla em inglês: fosforribosil pirofosfato
PRA, pela sigla em inglês: 5-fosforribosilamina
SAICAR, pela sigla em inglês: ribonucleotídeo 5-aminoimidazol-4-(N-succinilcarboxamida)
THF: tetrahidrofolato
Papel do folato
O ácido fólico é composto por ácido p-aminobenzoico, glutamina e pteridina e está disponível para utilização na sua forma ativa: ácido tetrahidrofólico (TH4).
A falta de folato leva à diminuição da síntese de nucleotídeos.
As 2 consequências importantes do défice de ácido fólico são a anemia megaloblástica e a espinha bífida em recém-nascidos (devido ao défice materno de folato).
O monofosfato de inosina é convertido em adenina e guanina como AMP e GMP. Formado a partir do GMP, o trifosfato de guanosina (GTP, pela sigla em inglês) fornece a energia para converter IMP em AMP.
Síntese de monofosfato de guanosina
Etapa 1: desidrogenação do IMP
A desidrogenação do IMP forma monofosfato de xantosina (XMP, pela sigla em inglês).
São libertados iões H+ (aceites pelo NAD+).
Enzima: IMP desidrogenase
Etapa 2: amidação do XMP
Ocorre amidação do XMP (amida da glutamina) e hidrólise de ATP, produzindo GMP.
Enzima: GMP sintetase
Correlação clínica:
O micofenolato, um imunossupressor, inibe a IMP desidrogenase (IMPDH, pela sigla em inglês), reduzindo a proliferação de células imunes.
Conversão de IMP em GMP e depois em GTP: NAD+, pela sigla em inglês: dinucleotídeo de nicotinamida adenina (oxidado) NADH, pela sigla em inglês: dinucleotídeo de nicotinamida adenina (reduzido) NDPK, pela sigla em inglês: nucleosídeo difosfato cinase PPi, pela sigla em inglês: pirofosfato
Imagem por Lecturio.
Síntese de AMP
Etapa 1: Doação do grupo amina pelo aspartato
O grupo amina do aspartato (liga-se ao IMP) + hidrólise do GTP → adenilosuccinato
Enzima: adenilosuccinato sintetase
Etapa 2: Eliminação do fumarato para formar AMP
O adenilosuccinato é convertido enzimaticamente em AMP pela remoção do fumarato.
Enzima: adenilosuccinase/adenilossuccinato liase
Conversão de IMP em AMP e depois em ATP: NDPK, pela sigla em inglês: nucleosídeo difosfato cinase Pi, pela sigla em inglês: fosfato inorgânico
Imagem por Lecturio.
Regulação da síntese
A síntese de IMP, ATP e GTP é regulada para controlar a quantidade de nucleotídeos de purina produzidos.
A enzima PRPP sintetase (etapa 1) é inibida pelo ADP e pelo GDP.
A enzima amidofosforibosiltransferase (etapa 2) é inibida pelo:
AMP
GMP
IMP
A enzima adenilosuccinato sintetase (síntese de AMP) é inibida pelo AMP.
A enzima IMP desidrogenase (na síntese de GMP) é inibida pelo GMP.
Fatores externos que afetam a síntese de purinas incluem análogos das purinas:
Tiopurinas (inibem a síntese de novo de purinas)
6-Mercaptopurina (6-MP): agente antineoplásico e imunossupressor
6-Tioguanina
Azatioprina (imunossupressor): sofre redução não enzimática em 6-MP
Criação de nucleotídeos a partir da degradação de ácidos nucleicos
As purinas livres são convertidas novamente nos seus nucleotídeos respetivos, através de vias de resgate.
O PRPP é um componente essencial nesta via.
As 2 principais enzimas envolvidas são:
Adenina fosforibosiltransferase (APRT, pela sigla em inglês)
Hipoxantina-guanina fosforribosiltransferase (HGPRT, pela sigla em inglês)
Reações
Breve resumo da via de resgate:
Adenina + PRPP ⇋ AMP + PPi (enzima: APRT)
Guanina + PRPP ⇋ GMP + PPi (enzima: HGPRT)
Hipoxantina + PRPP ⇋ IMP + PPi (enzima: HGPRT)
Correlação clínica: Síndrome de Lesch-Nyhan: distúrbio recessivo ligado ao X causado por defeitos na HGPRT (incapazes de resgatar as bases das purinas → ↑ ácido úrico)
A via de resgate que recicla nucleotídeos para nova utilização
Imagem por Lecturio.
Importância
Em tecidos como os eritrócitos e o cérebro, a via de resgate é importante devido à ausência de síntese de novo de purinas.
Esta via economiza o gasto de energia intracelular.
Catabolismo de Nucleotídeos Purínicos
Os ácidos nucleicos (ARN/ADN) são decompostos por nucleases em nucleotídeos. Para degradar os nucleotídeos de purina, o fosfato e a ribose são primeiramente removidos, sendo que reações complementares culminam em xantina e depois em ácido úrico.
Monofosfato de guanosina
Conversão de nucleotídeo em nucleosídeo (GMP em guanosina) pela enzima nucleotidase, resultando na remoção de fosfato
A guanosina é ainda dividida:
A reação culmina em guanina e em ribose-1-fosfato.
Enzima: fosforilase de nucleosídeo de purina
A desaminação da guanina leva à formação de xantina.
Degradação da guanina
Imagem por Lecturio.
AMP
A conversão de ácidos nucleicos (ARN/ADN em AMP e em bases) pode ter diferentes vias, usando diferentes desaminases.
1ª via:
AMP → adenosina: catalisada pela enzima purina nucleotidase, com remoção do fosfato
A adenosina é convertida em inosina pela adenosina desaminase (ADA, pela sigla em inglês)
A inosina é degradada pela purina nucleosídeo fosforilase (PNP, pela sigla em inglês) em hipoxantina e ribose-1-fosfato.
A hipoxantina é oxidada a xantina pela xantina oxidase.
2ª via:
AMP → ácido inosínico ou IMP: catalisado pela AMP desaminase
O IMP é convertido em inosina pela nucleotidase.
A inosina é degradada pela PNP em hipoxantina e ribose-1-fosfato.
A hipoxantina é oxidada a xantina pela xantina oxidase.
Correlação clínica:
Deficiência da ADA: leva a ↑ desoxi-ATP, desoxi-GTP (tóxico para as células imunes, tais como as células T)
Deficiência da PNP:leva a ↑ desoxi-ATP, desoxi-GTP (tóxico para células imunes, tais como as células T) e está também associada a atrasos no desenvolvimento
Degradação da adenina
Imagem por Lecturio.
Xantina
Tanto a adenosina como a guanosina são convertidas em xantina.
Adenosina → inosina → hipoxantina → xantina
Guanosina → guanina → xantina
Xantina oxidase:
Catalisa hipoxantina em xantina e xantina em ácido úrico
O produto final, ácido úrico, é excretado na urina.
Correlação clínica: o alopurinol, um inibidor da xantina oxidase, é utilizado no tratamento da gota.
Degradação de guanina e hipoxantina em ácido úrico
A base da pirimidina é sintetizada primeiro e depois incorporada no nucleotídeo (o anel é completado antes de ser ligado à ribose-5-fosfato).
Fontes dos átomos de carbono e do nitrogénio da pirimidina:
A glutamina e o bicarbonato contribuem com o N3 e C2, respectivamente, que se combinam para formar carbamoil fosfato.
O aspartato contribui com o N1, C6, C5 e C4
Fontes dos átomos de carbono e nitrogénio na síntese da pirimidina
Imagem por Lecturio.
Etapa 1
Síntese de carbamoil fosfato
Esta reação ocorre no citoplasma.
O nitrogénio da glutamina e o carbono do bicarbonato reagem para formar carbamoil fosfato.
Enzima: carbamoil fosfato sintetase II
Etapa 2
Síntese de carbamoil aspartato
Etapa limitante da taxa de síntese
O carbamoil fosfato reage com o aspartato para produzir carbamoil aspartato.
Os átomos C2 e N3 derivam do carbamoil fosfato.
Enzima: aspartil transcarbamoilase (ATCase)
Ativada pelo ATP
Inibida pelo trifosfato de citidina (CTP, pela sigla em inglês)
Etapa limitante da taxa de síntese da pirimidina: A reação converte carbamoil fosfato em carbamoil aspartato, e é catalisada pela aspartil transcarbamoilase (ATCase). As reações subsequentes conduzem, eventualmente, ao produto final, trifosfato de citidina (CTP, pela sigla em inglês). A ATCase é ativada pelo ATP e inibida pelo CTP.
Imagem por Lecturio.
Etapa 3
Formação do anel de pirimidina
Uma molécula de água é eliminada e o aspartato de carbamoil é convertido num composto do anel (dihidroorotato).
Enzima: dihidroorotase
Etapa 4
Oxidação do dihidroorotato
A remoção de átomos de hidrogénio (desidrogenação) das posições C5 e C6 produz ácido orótico.
Enzima: dihidroorotato desidrogenase
Coenzima: NAD
Etapa 5
Formação de orotidina-5-monofosfato (OMP, pela sigla em inglês)
Ácido orótico + ribose-5-fosfato → monofosfato de orotidina ou ácido orotidílico
O PRPP é o dador da ribose-5-fosfato.
Enzima: orotato fosforibosiltransferase (OPRT, pela sigla em inglês)
Etapa 6
Descarboxilação para formar monofosfato de uridina (UMP, pela sigla em inglês)
O monofosfato de orotidina sofre descarboxilação.
O UMP é produzido pela remoção de C1 na forma de CO2, tornando a uridina a primeira pirimidina a ser sintetizada.
Enzima: OMP descarboxilase
As etapas subsequentes formam a uridina trifosfato (UTP, pela sigla em inglês) e a citidina trifosfato (CTP, pela sigla em inglês).
Nota: As últimas 2 enzimas nesta via, OPRT e OMP decarboxilase, estão localizadas no mesmo polipéptido, UMP sintase. A UMP sintase catalisa a conversão do ácido orótico em UMP.
Tabela: Resumo da síntese de pirimidina de novo
Etapa
Enzima
Produtos
1
Carbamoil fosfato sintetase II
Fosfato de carbamoil
2
Aspartil transcarbamoilase*
Aspartato de carbamoil
3
Dihidroorotase
Ácido dihidroorótico
4
Dihidroorotato desidrogenase
Ácido orótico
5
Orotato fosforibosiltransferase
OMP
6
OMP descarboxilase
Monofosfato de uridina
* catalisa a etapa limitante da taxa de síntese
OMP, pela sigla em inglês: orotidina-5-monofosfato
Resumo da síntese da pirimidina, enzimas: 1. CPS II, pela sigla em inglês: carbamoil fosfato sintetase II 2. ATCase: aspartil transcarbamoilase 3. Dihidroorotase 4. Dihidroorotato (DHO) desidrogenase 5. Orotato fosforibosiltransferase 6. Orotidina-5-monofosfato (OMP, pela sigla em inglês) descarboxilase
Imagem por Lecturio.
Síntese de trifosfato de uridina e trifosfato de citidina
O UTP e o CTP são usados na síntese de ARN.
UTP:
Etapa 1:
A fosforilação da UMP pelo ATP produz difosfato de uridina (UDP, pela sigla em inglês)
O UDP é fosforilado em trifosfato de uridina (UTP, pela sigla em inglês) pelo ATP.
Enzima: nucleosídeo difosfato cinase (NDPK, pela sigla em inglês)
CTP:
O UTP é convertido em CTP (trifosfato de citidina) pela adição de um grupo amina da glutamina.
Esta reação requer ATP.
Enzima: CTP sintetase
Ativada pelo GTP
Inibida pelo CTP
Síntese de UTP e CTP (trifosfatos)
Imagem por Lecturio.
Desoxirribonucleotídeos e timina
O ADN é diferente do ARN, porque o ADN tem desoxirribose, em vez de ribose, e timina (5-metiluracil), em vez de uracilo.
Os desoxirribonucleotídeos são gerados a partir dos seus ribonucleotídeos correspondentes.
As ribonucleotídeos redutases (RNRs, pela sigla em inglês) reduzem os ribonucleosídeos difosfatos (NDPs, pela sigla em inglês) a desoxirribonucleosídeos difosfatos (dNDPs, pela sigla em inglês).
Os dNDPs, por sua vez, são convertidos em desoxirribonucleosídeos trifosfatos (dNTPs, pela sigla em inglês) pela nucleosídeo difosfato cinase (NDPK, pela sigla em inglês).
A timina é uma pirimidina presente no ADN; assim, a porção ribose do nucleotídeo correspondente requer redução.
Etapa 1:
UDP → dUDP
Enzima: ribonucleotídeo redutase
Etapa 2:
dUDP → dUTP
Enzima: NDPK
Etapa 3:
dUTP → monofosfato de desoxiuridina (dUMP, pela sigla em inglês)
Enzima: dUTP difosfohidrolase
Etapa 4:
dUMP é metilado em monofosfato de desoxitimidina (dTMP, pela sigla em inglês).
Enzima: timidilato sintase
Requer tetrahidrofolato de metileno (como dador de metil)
Etapa 5:
dTMP é fosforilado em dTTP (pelo ATP).
A fosforilação ocorre em 2 ciclos.
Correlação clínica: 5-fluorouracil: agente antimetabolito (usado em neoplasias) que inibe a timidilato sintase e diminui a síntese de ADN
Formação de timina na forma de trifosfato de desoxitimidina (dTTP, pela sigla em inglês) dTDP, pela sigla em inglês: difosfato de desoxitimidina dTMP, pela sigla em inglês: monofosfato de desoxitimidina dTTP, pela sigla em inglês: trifosfato de desoxitimidina dUDP, pela sigla em inglês: difosfato de desoxiuridina dUMP, pela sigla em inglês: monofosfato de desoxiuridina dUTPase, pela sigla em inglês: desoxiuridina trifosfatase NDPK, pela sigla em inglês: nucleosídeo difosfato cinase RNR, pela sigla em inglês: ribonucleotídeo redutase UDP, pela sigla em inglês: difosfato de uridina
Imagem por Lecturio.
Regulação da síntese
A enzima, carbamoil fosfato sintetase (CPS, pela sigla em inglês) II, na etapa 1:
Ativada pelo PRPP e ATP
Inibida pelo UTP e UDP
A enzima ATCase, na etapa 2, é inibida alostericamente pelo CTP.
A enzima OMP descarboxilase (etapa 6) é inibida pelo UMP.
Fatores externos, incluindo análogos da pirimidina (usados como agentes antineoplásicos):
5-fluorouracilo
Capecitabina
Citarabina
Gencitabina
Via de resgate de nucleotídeos de pirimidina
Tal como as purinas, as pirimidinas são recicladas a partir de intermediários derivados de ácidos nucleicos.
As reações convertem ribonucleosídeos (uridina, citidina) e desoxirribonucleosídeos (timidina, desoxicitidina) em nucleotídeos.
Cinases ou fosforiltransferasescatalisam a transferência do grupo fosforil (a partir do ATP) para os difosfatos, produzindo trifosfatos:
As células animais degradam os nucleotídeos de pirimidina em bases nitrogenadas, resultando em produtos de degradação como o uracilo e a timina (via redução) no fígado.
Como nos nucleotídeos de purina, o ácido nucleico (ARN/ADN) é decomposto por nucleases em nucleotídeos.
A citosina édegradada a uracilo pela remoção de um grupo amina.
Tanto o uracilo quanto a timina são então reduzidos a diidrouracil e diidrotimina, respetivamente, que sofrem reações posteriores e culminam nos produtos finais:
Ausência da enzima → defeito na via de resgate das purinas
Puberdade atrasada
Automutilação
Atraso no desenvolvimento
Diminuição da função renal
SCID
↓ ADA
Ausência da enzima → ↓ células imunes
Infeções de repetição, abcessos cutâneos profundos recorrentes ou abcessos recorrentes em órgãos
Candidíase mucocutânea
Má evolução estaturo-ponderal
Litíase renal
↓ APRT
Mutação autossómica recessiva → Defeito na via de resgate de purinas
Cólica renal
Infeções urinárias recorrentes
Náuseas
Vómitos
Xantinúria
↓ Xantina oxidase
Hipouricemia
Nefrolitíase
Lesão renal aguda
ADA, pela sigla em inglês: adenosina desaminase
APRT, pela sigla em inglês: adenina fosforribosiltransferase
HGPRT, pela sigla em inglês: hipoxantina guanina fosforribosiltransferase
PRPP, pela sigla em inglês: fosforribosil pirofosfato
SCID, pela sigla em inglês: imunodeficiência combinada severa
Tabela: Distúrbios do metabolismo das pirimidinas
Perturbação
Enzima defeituosa
Manifestações
Acidúria orótica
OPRT
OMP descarboxilase
Má evolução estaturo-ponderal
Atraso no desenvolvimento
Anemia megaloblástica
Acidúria orótica induzida por fármacos
OMP descarboxilase
Causada pelo alopurinol e pela 6-azauridina
Aumento da excreção de ácido orótico
OMP, pela sigla em inglês: orotidina-5-monofosfato OPRT, pela sigla em inglês: orotato fosforibosiltransferase
Referências
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Robitaille, A. M., Christen, S., Shimobayashi, M., Cornu, M., Fava, L. L., Moes, S., Prescianotto-Baschong, C., Sauer, U., Jenoe, P., & Hall, M. N. (2013). Quantitative phosphoproteomics reveal mTORC1 activates de novo pyrimidine synthesis. Science, 339(6125), 1320–1323. https://doi.org/10.1126/science.1228771
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