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Mesotelioma Maligno

O mesotelioma maligno (geralmente referido como "mesotelioma") refere-se ao crescimento maligno das células mesoteliais, afetando mais frequentemente a pleura. A maioria dos casos está associada à exposição profissional ao amianto/asbesto que ocorreu > 20 anos antes do início clínico, que inclui dispneia, dor torácica, tosse, fadiga e perda de peso. A tomografia computadorizada (TC) do tórax mostra espessamento pleural multifocal e derrame pleural. É necessária a realização de biopsia pleural para confirmação e para exclusão de metástases de cancro do pulmão ou da mama. O tratamento raramente é eficaz, com um tempo médio de sobrevivência de < 1 ano.

Última atualização: 28 Mar, 2022

Responsibilidade editorial: Stanley Oiseth, Lindsay Jones, Evelin Maza

Definição e Epidemiologia

Definição

  • Mesotelioma maligno (MM): geralmente referido como “mesotelioma”, por ser muito mais comum do que o seu homĂłlogo benigno.
  • O mesotelioma maligno Ă© um crescimento maligno primário de cĂ©lulas mesoteliais, fortemente associado Ă  exposição prĂ©via ao amianto/asbesto.
  • As cĂ©lulas mesoteliais recobrem as cavidades do corpo, incluindo a pleura, o peritoneu, o pericárdio e os testĂ­culos.
  • O local envolvido mais comum Ă© a pleura (> 85% dos casos).

Epidemiologia

  • Raro; Ă© responsável por < 1% de todas as formas de cancro
  • Os homens sĂŁo mais frequentemente afetados (proporção homem/mulher = 3:1)
  • Idade mĂ©dia ao diagnĂłstico: > 50 anos
  • Tipicamente apĂłs exposição prĂ©via ao asbesto durante 2040 anos

Etiologia e Fisiopatologia

Etiologia

  • A maioria dos casos (> 80%) Ă© secundária Ă  exposição ao asbesto, mesmo com < 12 anos de exposição intensa que ocorreu > 40 anos atrás (especialmente fibras de crocidolite).
  • Ocupações profissionais de alto risco sem o uso de proteção adequada (atualmente ocorrem principalmente em paĂ­ses em desenvolvimento), incluindo construção naval, mineração, cerâmica, fabricação de automĂłveis, trabalhos de revestimento de travões, trabalhos de isolamento, reparação de ferrovias, canalização, carpintaria e trabalhos de demolição
  • A exposição indireta, como, por exemplo, por eletricistas e pintores que trabalham em estaleiros, bem como por membros da famĂ­lia que lavam as roupas dos trabalhadores, tambĂ©m está associada a um maior risco de mesotelioma.
  • O tabagismo, álcool ou dieta nĂŁo aumentam o risco de mesotelioma (associada Ă  exposição ao asbesto, o tabagismo aumenta significativamente o risco de cancro de pulmĂŁo, mas nĂŁo de mesotelioma)
  • As mutações nos genes BAP1, CDKN2A e NF2 ou deleções cromossĂłmicas aumentam a suscetibilidade.
  • Raramente associado Ă  irradiação do tĂłrax ou inalação de erionita (outro mineral fibroso) ou talco

Fisiopatologia

  • As fibras de asbesto sĂŁo inaladas profundamente no pulmĂŁo e penetram no espaço pleural, onde interagem com as cĂ©lulas mesoteliais e provocam uma reação inflamatĂłria persistente, causando ciclos de danos e reparação nos tecidos.
  • Este processo eventualmente leva ao MM por mecanismos desconhecidos, embora muitos pacientes apresentam genes de suscetibilidade para cancro como o BAP1.
  • No MM peritoneal primário, o principal tipo de fibra implicado nos Estados Unidos Ă© a amosite e nĂŁo a crocidolite, como no MM pleural, e a ligação com a exposição ao asbesto Ă© significativa, mas nĂŁo tĂŁo forte.
  • Microscopicamente, os 3 tipos histolĂłgicos sĂŁo epitelial, sarcomatoso e misto.
  • A regiĂŁo habitualmente afetada na cavidade torácica Ă© a pleura parietal e nĂŁo a visceral.
  • TambĂ©m se podem formar placas pleurais benignas devido a lesões crĂłnicas. SĂŁo placas brancas bem circunscritas, compostas por colágeno acelular denso, muitas vezes calcificado.
  • Os mesoteliomas sĂŁo frequentemente multifocais, tipicamente com propagação local para pleura visceral, parede torácica, diafragma e gânglios linfáticos regionais.
  • A transferĂŞncia de MM para o peritoneu pode ocorrer ocasionalmente atravĂ©s do sistema linfático.

VĂ­deos recomendados

Apresentação Clínica

Mesotelioma pleural

  • Os sintomas podem nĂŁo surgir atĂ© > 20 anos apĂłs a exposição ao asbesto.
  • Sintomas mais comuns:
    • Dispneia progressiva (devido a derrame pleural)
    • Dor torácica
  • Outros sintomas: tosse crĂłnica, mal-estar, febre, arrepios, fadiga, disfagia e perda de peso.

Mesotelioma peritoneal

  • Sintomas mais comuns:
    • Edema e dor abdominais, devido Ă  ascite
  • Outros sintomas: perda de peso, febre, calafrios, suores noturnos, náuseas e obstipação
  • A obstrução do intestino delgado pode ocorrer como complicação tardia.

Mesotelioma pericárdico

  • Dor torácica, tosse, ortopneia, arritmia, dispneia
  • Sinais de pericardite constritiva (fadiga, distensĂŁo da veia jugular, edema perifĂ©rico)

DiagnĂłstico

  • Tomografia computorizada (TC) do tĂłrax:
    • MĂşltiplos focos de espessamento pleural
    • Derrame pleural e/ou pneumotĂłrax
  • Pleurocentese: derrame pleural exsudativo ± citologia maligna
  • BiĂłpsia:
    • Obtida por videotoracoscopia ou laparoscopia assistida
    • Inspeção a olho nu: agrupamento de nĂłdulos nas superfĂ­cies mesoteliais
    • Microscopia: cĂ©lulas de mesotelioma e corpos de psamomatosos (coleções concĂŞntricas de cálcio, semelhantes a grĂŁos de areia)
  • ImunohistoquĂ­mica:
    • Utilizada para diferenciar de outros tumores malignos envolvendo o tĂłrax (extensĂŁo de tumores primários do pulmĂŁo e metástases de locais extratorácicos)
    • Na investigação inicial devem ser usados 2 marcadores mesoteliais (por exemplo, calretinina, citoqueratina 5/6) e 2 marcadores para o outro tumor incluĂ­do no diagnĂłstico diferencial, com base na morfologia (por exemplo, claudina-4, MOC-31)

Tratamento

  • O mesotelioma Ă© geralmente resistente Ă  radiação e Ă  quimioterapia
  • A ressecção cirĂşrgica definitiva Ă© utilizada em menos de um terço dos pacientes.
    • Pleurectomia
    • Pneumonectomia
    • Pericardiectomia
  • Geralmente, combina-se a terapia cirĂşrgica com quimioterapia e radiação.
  • Tratamento sintomático com analgĂ©sicos, toracocentese e pleurodese
  • A maioria dos pacientes com MM pleural morre devido Ă  extensĂŁo local e consequente insuficiĂŞncia respiratĂłria. O tumor pode invadir o pericárdio e o coração; se o MM disseminar-se para o peritoneu, pode levar a obstrução do intestino delgado.

Prognóstico: O tempo médio de sobrevivência é de 8-14 meses.

DiagnĂłstico Diferencial

As seguintes patologias sĂŁo considerados diagnĂłsticos diferenciais para o mesotelioma.

  • Placas pleurais benignas e derrame pleural relacionados com a exposição a asbesto
  • Carcinoma metástático dos pulmões, mama ou regiões extratorácicas
    • Cancro do pulmĂŁo: uma neoplasia maligna que se origina e desenvolve no interior das vias respiratĂłrias ou do parĂŞnquima pulmonar. A propagação extensiva do cancro do pulmĂŁo primário pode levar a derrame pericárdico ou pleural malignos.
    • Cancro da mama: desenvolvimento de cĂ©lulas carcinomatosas a partir do tecido mamário. O cancro da mama Ă© a segunda maior causa de morte nas mulheres americanas. Pode metastizar para o pulmĂŁo e pleura, aparecendo na TC ou radiografia do tĂłrax como lesões mĂşltiplas e derrame pleural unilateral na maioria das vezes
  • Pneumonia: inflamação aguda ou crĂłnica do tecido pulmonar; inclui infeção por bactĂ©rias, vĂ­rus ou fungos. Os pacientes apresentam-se com febre, tosse, mal-estar, alteração dos sons respiratĂłrios, dispneia, e pode levar a derrame pleural com dor pleurĂ­tica.
  • Fibrose pulmonar: grupo de doenças cuja causa especĂ­fica nĂŁo está bem definida, nas quais o parĂŞnquima pulmonar está danificado e com tecido cicatricial, provocando um comprometimento da função pulmonar. Os pacientes apresentam-se com dispneia de esforço, tosse seca, perda de peso, febre baixa e fadiga
  • Embolia pulmonar: uma patologia potencialmente fatal resultante da obstrução mecânica da artĂ©ria pulmonar ou dos seus ramos por um trombo, ar ou gordura. Os pacientes apresentam-se com dispneia sĂşbita, dor pleurĂ­tica, tosse, ortopneia e sibilância Ă  auscultação pulmonar.
  • Timoma: uma neoplasia maligna com origem no timo. Os pacientes podem ser assintomáticos e o timoma pode ser descoberto incidentalmente numa radiografia de tĂłrax. Noutros casos, os pacientes podem apresentar dor torácica, tosse, dispneia ou sintomas de sĂ­ndrome paraneoplásica.

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