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Diphyllobothrium/Difilobotríase

A difilobotríase é uma infeção parasitária intestinal causada pelo céstodo Diphyllobothrium(também conhecido como “fish tapeworm” (ténia dos peixes) ou “broad tapeworm” (ténia larga)). A difilobotríase é adquirida através da ingestão de larvas adultas em peixe mal cozinhado ou cru. A apresentação clínica da difilobotriase varia desde assintomática, sintomas não específicos até mesmo obstrução intestinal e/ou défice de vitamina B12. A deteção de ovos ou proglotes nas fezes pode estabelecer o diagnóstico. O tratamento inclui terapêutica anti-helmíntica e, se necessário, suplementação com vitamina B12.

Última atualização: Jul 8, 2022

Responsibilidade editorial: Stanley Oiseth, Lindsay Jones, Evelin Maza

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Características Gerais e Epidemiologia

Características gerais de Diphyllobothrium

A difilobotríase é causada por uma infeção parasitária do céstodo (genericamente conhecido por ténia) Diphyllobothrium.

  • Corresponde ao maior parasita humano (com um comprimento até 10 metros)
  • Morfologia do adulto:
    • Escólex
      • Sem ganchos
      • Sulcos emparelhados em forma de fenda (bothria)
    • Pescoço
    • Estróbilo com até 3.000-4.000 proglótides
      • Segmentado
      • Possui aparelhos de órgãos reprodutores
  • Ovos:
    • Elipsoidal ou oval
    • Opérculo (estrutura tipo tampa) num extremo
    • Sofre maturação na água num intervalo de 3 semanas
  • Alimenta-se por absorção

Espécies clinicamente relevantes

  • D. latum (o mais comum)
  • D. nihonkaiense
  • D. dendriticum
  • D. pacificus

Epidemiologia

  • Aproximadamente 20 milhões de pessoas infetadas em todo o mundo.
  • Tradicionalmente encontrado em áreas onde o consumo de peixe cru é comum:
    • Norte da Europa
    • América do Norte
    • Japão
    • América do Sul (raro)
  • Sem predileção por sexo ou idade
  • Sem predileção racial

Patogénese

Hospedeiros

Hospedeiros definitivos:

  • Humanos
  • Mamíferos
  • Pássaros

Hospedeiros intermédios:

  • Peixes de água doce (mais comum)
  • Peixes marinhos
  • Crustáceos

Transmissão

A difilobotríase é transmitida através do consumo de peixe cru ou mal cozinhado.

Ciclo de vida

  • Os ovos imaturos são excretados nas fezes de um hospedeiro definitivo.
  • Ovos maduros → oncosferas → transformam-se em coracídeo → ingerido por crustáceos (1º hospedeiro intermediário)
  • Transforma-se em larva procercóide
  • Os crustáceos são ingeridos por peixes (2º hospedeiro intermediário) → transformação das larvas procercóides em larvas plerocercóides (fase infeciosa)
  • O 2º hospedeiro intermediário pode ser ingerido por predadores maiores → larvas de plerocercóides migram para os músculos
  • Os humanos (hospedeiro definitivo) consomem peixe cru ou mal cozido infetado → desenvolvem larvas na forma adulta no intestino delgado → produzem ovos
  • Ovos imaturos são excretados nas fezes → ciclo continua
Diphyllobothriasis

O ciclo de vida das espécies de Diphyllobothrium, o agente causador da doença difilobotríase

Imagem por Lecturio.

Apresentação clínica

Sinais e sintomas gerais

  • A maioria dos pacientes são assintomáticos.
  • Pode ocorrer excreção de proglótides nas fezes.
  • Sintomas inespecíficos:
    • Fadiga
    • Dor abdominal
    • Diarreia
    • Tonturas
    • Perda de peso

Complicações

Podem ser provocadas por infeções graves ou pela migração aberrante das ténias:

  • Défice de vitamina B12D. latum tem alta afinidade pela vitamina B12
    • Anemia
    • Parestesias
    • Fraqueza muscular
    • Hiporreflexia
    • Ataxia
    • Encefalopatia
  • Obstrução intestinal → ocorre se as larvas se enovelarem
  • Doença biliar → migração de proglótides
    • Colecistite
    • Colangite

Diagnóstico e Tratamento

Diagnóstico

  • O exame microscópico das fezes pode detetar ovos operculados ou proglótides.
  • Os testes laboratoriais são na maioria dos casos inespecíficos, mas podem revelar:
    • Eosinofilia
    • Anemia megaloblástica
    • ↓ Vitamina B12

Tratamento

  • Terapêutica anti-helmíntica:
    • Praziquantel (preferencialmente)
    • Niclosamida
  • Correção do défice de vitamina B12

Prevenção

  • Cozinhar o peixe de forma adequada.
  • Se comer sashimi ou sushi, congele o peixe para matar as larvas da ténia.
  • Medidas de saneamento da água

Comparação de Espécies de Ténias

Tabela: Características e doenças de diferentes espécies de ténias
Microorganismo Diphyllobothrium latum Taenia saginata Echinococcus granulosus
Características
  • Aproximadamente 10 metros de comprimento
  • Sem ganchos
  • Bothria presente
  • > 3.000 proglótides
  • <5 metros de comprimento
  • Sem ganchos
  • Sem pescoço
  • Aproximadamente 1.000 proglótides
  • 2-7 mm de comprimento
  • Ganchos presentes
  • 3-6 proglótides
Transmissão Ingestão de peixe cru infetado Ingestão de carne crua infetada Fecal-oral (ingestão de alimentos ou água contaminados)
Doença Difilobotríase Teníase Equinococose cística
Clínica
  • Desconforto abdominal
  • Perda de peso
  • Défice de vitamina B12
  • Obstrução intestinal
  • Frequentemente assintomática
  • Sintomas GI ligeiros
Dependente da localização e tamanho dos quistos hidáticos
Diagnóstico Ovos ou proglótides nas fezes Ovos ou proglótides nas fezes
  • Imagiologia
  • Serologia
Tratamento
  • Praziquantel
  • Niclosamida
  • Praziquantel
  • Niclosamida
  • Albendazole
  • Drenagem percutânea
  • Excisão cirúrgica
Prevenção
  • Congelar peixe.
  • Cozinhar bem o peixe.
  • Medidas de saneamento da água
Cozinhar bem a carne.
  • Higiene pessoal
  • Evitar o contacto com cães vadios.
  • Evitar alimentos potencialmente contaminados.
  • Melhorar o saneamento da água.

Diagnósticos Diferenciais

  • Ascaridiose: infeção causada pelo parasita Ascaris lumbricoides. A sua transmissão ocorre por ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos de Ascaris. Os pacientes podem ser assintomáticos ou apresentar tosse e hemoptises. Uma grande quantidade de larvas pode levar a obstrução intestinal e afetar o crescimento das crianças. A análise das fezes pode revelar a presença de larvas ou ovos. O tratamento é feito com fármacos anti-helmínticos.
  • Anemia perniciosa: causa deficiência de vitamina B12 e anemia megaloblástica, devido à deficiência do fator intrínseco, que é necessário para a absorção da vitamina B12. Os pacientes podem manifestar fadiga, diminuição da função cognitiva, neuropatia, ataxia e glossite. Níveis de vitamina B12 baixos, anticorpos anti-fator intrínseco e o teste de Schilling podem ser usados para chegar ao diagnóstico. O tratamento inclui a reposição de vitamina B12.
  • Síndrome de sobrecrescimento bacteriano do intestino delgado:Os microorganismos aeróbios e anaeróbios normalmente presentes no cólon crescem excessivamente no intestino delgado. Aproximadamente 90% dos casos são causados por distúrbios de motilidade e pancreatite crónica. A sua apresentação inclui inchaço, flatulência, diarreia aquosa e desconforto abdominal; pode estar presente défice de vitamina B12. O diagnóstico pode ser estabelecido por teste respiratório. Tratamento de base é a antibioterapia e a correção das deficiências nutricionais.
  • Doença inflamatória intestinal (DII): caracterizada por inflamação crónica do tubo digestivo, por efeito de uma resposta imunomediada por células contra a mucosa gastrointestinal. São doenças inflamatórias intestinais a doença de Crohn e a colite ulcerosa. Os sintomas mais comuns são diarreia, dor abdominal, perda de peso e manifestações extraintestinais. O diagnóstico envolve imagiologia, endoscopia e biópsia. O tratamento inclui corticosteróides, aminossalicilatos, imunomoduladores e agentes biológicos.

Referências

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