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Síndrome Metabólica

A síndrome metabólica caracteriza-se por um conjunto de condições que aumentam significativamente o risco de várias doenças secundárias, principalmente doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e esteatose hepática não alcoólica. Em geral, condições como a hipertensão arterial, a hiperglicemia/resistência à insulina e a hiperlipidemia, com a obesidade central, são consideradas componentes da síndrome metabólica. O diagnóstico inclui a medição do perímetro abdominal e da pressão arterial (PA), assim como dos níveis séricos de triglicerídeos, colesterol HDL e glicemia em jejum. O tratamento consiste maioritariamente em modificações do estilo de vida, com exercício físico moderado e uma dieta equilibrada, rica em fibras e gorduras insaturadas e pobre em açúcar.

Última atualização: Sep 17, 2023

Responsibilidade editorial: Stanley Oiseth, Lindsay Jones, Evelin Maza

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Definição e Epidemiologia

Definição

A síndrome metabólica caracteriza-se por um conjunto de alterações bioquímicas e fisiológicas associadas ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2.

Epidemiologia

Prevalência:

  • 22%–24% nos Estados Unidos
  • 32% em mexicano-americanos
  • Mais elevada em mulheres afro-americanas e mexicano-americanas em comparação com homens da mesma etnia
  • Aumenta com a idade → até 44% em indivíduos > 60 anos de idade

A síndrome metabólica duplica o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Fisiopatologia

Em indivíduos obesos, o excesso de tecido adiposo liberta as seguintes substâncias, com efeitos consideráveis no organismo:

Ácidos gordos não esterificados (AGNEs)

  • Sobrecarga lipídica no músculo e fígado
  • ↑ Resistência à insulina

Citocinas pró-inflamatórias

  • ↑ Níveis da PCR
  • ↑ Resistência à insulina
  • Aterogénese

Substâncias pró-trombóticas

  • ↑ Inibidor do ativador de plasminogénio plasmático (PAI, pela sigla em inglês)-1
  • ↑ Fibrinogénio (reagente de fase aguda como a PCR)

Adiponectina

  • Uma hormona proteica e adipocina
  • Envolvida na regulação dos níveis de glicose
  • Envolvida na degradação de ácidos gordos

Contribuição para a hipertensão

Existem múltiplos fatores que contribuem para o desenvolvimento da hipertensão com a obesidade, incluindo:

  • Alteração da sinalização da insulina → disfunção endotelial e do músculo liso → ↑ rigidez arterial
  • Ativação inadequada do sistema renina-angiotensina-aldosterona (RAAS, pela sigla em inglês)
  • ↑ Sinalização do sistema nervoso simpático (particularmente no rim)
  • ↑ Massa adiposa → compressão renal → alteração da pressão de natriurese

Apresentação Clínica e Diagnóstico

A síndrome metabólica é definida pela presença de ≥ 3 das seguintes condições:

  • Obesidade central, abdominal ou visceral (caracterizada pela acumulação de tecido adiposo predominantemente à volta da cintura e do tronco):
    • Perímetro abdominal: ≥ 102 cm em homens
    • Perímetro abdominal: ≥ 88 cm em mulheres
  • Aumento dos triglicerídeos séricos: ≥ 150 mg/dL
  • Diminuição dos níveis de colesterol HDL:
    • < 40 mg/dL em homens
    • < 50 mg/dL em mulheres
  • Aumento da pressão arterial (PA): ≥ 130/85 mm Hg (ou uso de anti-hipertensores)
  • Aumento da glicemia de jejum: ≥ 100 mg/dL (ou uso de anti-hiperglicemiantes)

Tratamento

Alterações do estilo de vida

Dieta:

  • Restrição calórica para perda ponderal
  • Restrição de hidratos de carbono: < 55% da ingestão calórica diária para redução dos níveis de glicose
  • Dieta mediterrânica:
    • Rica em frutas, legumes, frutos secos, cereais integrais e azeite
    • Benefícios: perda ponderal, diminuição da PA, melhoria do perfil lipídico, melhoria da resistência à insulina, diminuição dos níveis de marcadores inflamatórios
  • Dieta rica em fibras:
    • Cerca de ≥ 30 g/dia de fibra
    • Benefícios: perda ponderal, redução da concentração de lípidos, diminuição da hiperinsulinemia

Exercício:

  • ≥ 30 minutos de exercício moderado, 5 dias por semana
  • Melhoria da PA
  • Ajuda a reverter a resistência à insulina
  • Promove a perda ponderal

Tratamento farmacológico e cirúrgico

  • Inibidores da enzima de conversão da angiotensina (ECA) e diuréticos para a hipertensão arterial
  • Estatinas para a dislipidemia
  • Agentes anti-hiperglicemiantes, incluindo a metformina, para a diabetes tipo 2
  • Cirurgia bariátrica:
    • Pode ser considerada para a obesidade refratária
    • Sleeve gástrico
    • Bypass gástrico

Relevância Clínica

A síndrome metabólica está associada a vários distúrbios relacionados com a obesidade, salientando-se os mais importantes:

  • Diabetes mellitus tipo 2: condição crónica caracterizada por níveis anormalmente elevados de glicose no sangue devido a resistência à insulina no organismo. Os pacientes apresentam poliúria, polidipsia e polifagia. O tratamento inclui modificações do estilo de vida, fármacos para controlo da resistência à insulina e, por último, a insulina. Geralmente, a hiperglicemia contínua resulta em angiopatia (manifestando-se frequentemente com úlceras nos pés e compromisso da cicatrização de feridas), neuropatia, retinopatia (perda de visão) e nefropatia (doença renal crónica (DRC)).
  • DRC: perda gradual da função renal ao longo de meses a anos, mais frequentemente provocada pela diabetes, hipertensão, glomerulonefrite e doença renal poliquística. Num estadio mais avançado da doença, a maioria dos pacientes desenvolve apenas sintomas inespecíficos, incluindo confusão e fadiga, perda de apetite e edema dos membros inferiores. O tratamento inclui inibidores da ECA e controlo adequado da glicemia e da PA. Em último caso, pode ser necessária diálise ou transplante renal. A síndrome metabólica aumenta o risco de DRC.
  • Síndrome dos ovários poliquísticos (SOP): condição em que os ovários produzem uma quantidade anormal de androgénios. As pacientes apresentam ciclos menstruais irregulares, infertilidade, acne, hirsutismo e síndrome metabólica. O diagnóstico é baseado na deteção de anovulação, níveis elevados de androgénios e múltiplos quistos ováricos. O tratamento inclui modificações do estilo de vida e fármacos antiandrogénicos.
  • Apneia obstrutiva do sono (AOS): patologia respiratória relacionada com o sono que se caracteriza por episódios recorrentes de obstrução completa ou parcial das vias aéreas superiores. Os pacientes apresentam redução ou ausência parcial da respiração durante o sono, frequentemente associada a roncopatia, cefaleia e sonolência diurna. O tratamento inclui perda ponderal para pacientes obesos, assim como dispositivos de pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP, pela sigla em inglês) e dispositivos de avanço mandibular.
  • Gota: uma forma de artrite inflamatória que se caracteriza por episódios de dor articular, mais frequentemente na base do primeiro dedo do pé. A hiperuricemia crónica provoca a deposição de cristais de ácido úrico nas articulações e nos tendões. A prevenção inclui a evicção de álcool, frutose, carnes de órgãos e marisco ricos em purinas. As crises agudas são tratadas com anti-inflamatórios não esteróides (AINEs), colchicina e glucocorticóides.

Referências

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  2. Meigs, J. (2021). Metabolic syndrome (insulin resistance syndrome or syndrome X), UpToDate. Retrieved April 13, 2021, from https://www.uptodate.com/contents/metabolic-syndrome-insulin-resistance-syndrome-or-syndrome-x
  3. Grundy, S.M., Brewer, H.B., Jr., Cleeman, J.I., et al. (2005). Diagnosis and management of the metabolic syndrome: an American Heart Association/National Heart, Lung, and Blood Institute Scientific Statement. Circulation 112:2735–2752. Retrieved April 15, 2021, from https://www.ahajournals.org/doi/10.1161/01.CIR.0000111245.75752.C6
  4. Alberti, K. G. M. M., et al. (2009). Harmonizing the metabolic syndrome: a joint interim statement of the International Diabetes Federation Task Force on Epidemiology and Prevention; National Heart, Lung, and Blood Institute; American Heart Association; World Heart Federation; International Atherosclerosis Society; and International Association for the Study of Obesity. Circulation 120:1640–1645. Retrieved April 15, 2021, from doi:10.1161/CIRCULATIONAHA.109.192644.https://www.ahajournals.org/doi/10.1161/CIRCULATIONAHA.109.192644
  5. Ford, E.S., Giles, W.H., Dietz, W.H. (2002). Prevalence of the metabolic syndrome among US adults: findings from the third National Health and Nutrition Examination Survey. JAMA 287:356–359. doi:10.1001/jama.287.3.356 
  6. Moore, J.X., Chaudhary, N., Akinyemiju, T. (2017). Metabolic syndrome prevalence by race/ethnicity and sex in the United States, National Health and Nutrition Examination Survey, 1988–2012Preventing chronic disease. Retrieved April 15, 2021, from https://www.cdc.gov/pcd/issues/2017/16_0287.htm
  7. Lakka, H.M., et al. (2002). The metabolic syndrome and total and cardiovascular disease mortality in middle-aged men. JAMA 288:2709–2716. doi:10.1001/jama.288.21.2709
  8. Kurella, M., et al. (2005). Metabolic syndrome and the risk for chronic kidney disease among nondiabetic adults. Journal of the American Society of Nephrology 16:2134–2140. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/15901764/

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