Pitiríase Rósea

A pitiríase rósea é uma doença cutânea aguda e autolimitada. A etiologia é desconhecida e ocorre frequentemente em adultos jovens. Inicialmente, os pacientes apresentam uma mancha oval única “em medalhão". Seguem-se lesões ovais difusas, pruriginosas e descamativas sobre o tronco (muitas vezes em distribuição “árvore de Natal” no dorso) e extremidades. O diagnóstico é clínico. Esta patologia é autolimitada, portanto, geralmente não é necessário qualquer tratamento. No entanto, podem ser utilizados corticosteróides tópicos e anti-histamínicos para o prurido, se necessário.

Última atualização: Mar 30, 2022

Responsibilidade editorial: Stanley Oiseth, Lindsay Jones, Evelin Maza

Epidemiologia e Etiologia

Epidemiologia

  • Incidência: 0,5% – 2%
  • Sexo feminino > sexo masculino
  • Faixa etária frequente: 15 – 30 anos
  • Variação sazonal: mais comum no inverno e na primavera (em climas temperados)

Etiologia

  • Idiopática
  • Possivelmente infeciosa; pode estar associada a:
    • HVH (herpes vírus humano)-6
    • HVH-7
    • HVH-8
    • Influenza (H1N1)

Apresentação Clínica

Pródromo

  • Ocorre numa pequena percentagem de pacientes uma semana antes do aparecimento das lesões cutâneas
  • Sintomas:
    • Mal-estar
    • Cefaleia
    • Febre
    • Artralgia
    • Dor de garganta

Erupção cutânea

Primária:

  • Denominada mancha “mãe” ou “em medalhão”
  • Lesão única
  • Redonda ou oval
  • 2 – 5 cm de diâmetro
  • Bordos bem definidos
  • Rosa ou cor de salmão
  • Colarete de escamas:
    • Descamação fina que permanece aderida na zona periférica
    • Descamação com destacamento na zona central da lesão.
    • O centro pode parecer rugoso.
  • Localização:
    • Dorso
    • Tórax
    • Pescoço

Secundária:

  • Ocorre em 1 – 2 semanas após a lesão primária
  • Apresenta as mesmas características da lesão primária, exceto:
    • Menor (< 1,5 cm)
    • Surge em clusters
    • Simétrica
    • Bilateral
  • Localização:
    • Dorso
    • Tórax
    • Extremidades
  • Distribuição “árvore de Natal”
    • Termo utilizado para descrever a aparência da erupção cutânea no dorso
    • Pela orientação das lesões ao longo das linhas de tensão cutâneas (linhas de Langer)
  • Prurido habitualmente presente (grave em 25% dos casos)
  • Frequentemente com resolução espontânea em 6 – 8 semanas:
    • Geralmente provoca poucas alterações cutâneas residuais
    • A hiperpigmentação pós-inflamatória é comum em pacientes com tom de pele escura.

Diagnóstico e Tratamento

Diagnóstico

A pitiríase rósea é um diagnóstico clínico. Se existirem dúvidas no diagnóstico, podem ser realizados os seguintes testes:

  • Biópsia cutânea:
    • Raramente necessária
    • Achados:
      • Infiltrado perivascular superficial (linfócitos e histiócitos)
      • Paraqueratose focal
  • Teste de hidróxido de potássio (KOH) nas áreas descamativas → exclusão de tinea corporis
  • Teste de reagina plasmática rápido e VDRL → exclusão de sífilis secundária

Tratamento

A pitiríase rósea é uma condição autolimitada; assim, geralmente não é necessário qualquer tratamento

  • Geral:
    • Tranquilização
    • Emolientes
  • Tratamento médico:
    • Prurido:
      • Corticosteróides tópicos
      • Anti-histamínicos orais
      • Mentol
    • Sintomas graves:
      • Aciclovir
      • Tratamento com luz ultravioleta

Complicações

  • Em pacientes grávidas (especialmente se ocorrer nas primeiras 15 semanas):
    • Aborto
    • Parto prematuro
    • Hipotonia neonatal
  • As sobreinfeções bacterianas são raras.

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Diagnóstico Diferencial

  • Tinea corporis: uma infeção fúngica cutânea superficial que pode surgir na face, tronco e extremidades: as lesões de tinea corporis são caracterizadas por descamação periférica, clareamento central e eritema. A aparência pode ser semelhante à da mancha mãe na pitiríase rósea. O diagnóstico geralmente é clínico, embora seja possível visualizar as hifas fúngicas com um teste de KOH. O tratamento inclui fármacos antifúngicos tópicos ou orais.
  • Tinea versicolor: uma infeção fúngica cutânea provocada por Malassezia furfur: caracteriza-se por múltiplas manchas descamativas com várias cores (e.g., castanho, salmão, rosa ou branco) que podem surgir no tronco, abdómen, pescoço e rosto. O diagnóstico é clínico e confirmado com teste de KOH, onde é possível visualizar hifas e crescimento fúngico. O tratamento inclui fármacos antifúngicos tópicos ou orais.
  • Sífilis secundária: infeção sexualmente transmitida (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum: a sífilis secundária apresenta-se após o estadio primário (cancro duro) com erupção maculopapular (incluindo as palmas das mãos e plantas dos pés), febre e linfadenopatia. As manifestações sistémicas são comuns e não são observadas na pitiríase rósea. O diagnóstico é estabelecido através de testes não treponémicos e treponémicos. A penicilina G é o antibiótico de escolha no tratamento.
  • Psoríase gutata: uma variante da psoríase: a psoríase gutata é uma doença inflamatória cutânea imunomediada. Esta forma de psoríase é caracterizada por pequenas pápulas de cor salmão que parecem gotas de orvalho na pele. O tronco e as extremidades são zonas frequentemente envolvidas. Nenhuma mancha mãe precede esta erupção. O diagnóstico é clínico e o tratamento inclui corticosteróides tópicos, calcitriol e fototerapia.
  • Dermatite atópica: uma condição cutânea crónica, recidivante e inflamatória: os pacientes apresentam manchas pruriginosas, eritematosas, espessas e descamativas, que frequentemente atingem as regiões flexoras. Esta distribuição e a cronicidade do quadro ajudam na distinção entre a dermatite atópica e a pitiríase rósea. O diagnóstico é clínico. O tratamento envolve a evicção dos potenciais desencadeantes e o uso de corticosteróides tópicos e tratamento imunossupressor.

Referências

  1. Goldstein AO, Goldstein BG (2020). Pityriasis rosea. In Ofori AO (Ed.), UpToDate. Retrieved February 22, 2021, from https://www.uptodate.com/contents/pityriasis-rosea
  2. Das S (2020). Pityriasis rosea. MSD Manual Professional Version. Retrieved February 25, 2021, from https://www.msdmanuals.com/professional/dermatologic-disorders/psoriasis-and-scaling-diseases/pityriasis-rosea
  3. Litchman G, Nair PA, Le JK (2020). Pityriasis rosea. StatPearls. Retrieved February 25, 2021, from https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK448091/
  4. Schwartz RA, Janniger CK, Lichenstein R (2021). Pityriasis rosea. In Elston DM (Ed.), Medscape. Retrieved February 25, 2021, from https://emedicine.medscape.com/article/1107532-overview

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